São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995 |
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PFL cresce com infidelidade partidária
FLÁVIA DE LEON
No Senado, apenas três senadores mudaram de legenda. Destes, dois foram para o PFL, partido que conta hoje com 21 senadores e 92 deputados. Os pefelistas lançaram recentemente o projeto PFL 2000, que prevê o crescimento do partido para obter maioria no Congresso. O partido pode até mudar de nome para atingir este objetivo, trocando o "F" de frente pelo "S" de social. Na Câmara, são novos pefelistas os deputados Wilson Cunha (SE), Ayres da Cunha (SP), Couraci Sobrinho (SP) e João Mellão Neto (SP). No Senado, José Bianco (RO) e Romero Jucá (RR) aderiram à essa legenda. Circunstancial José Bianco, um dos fundadores do PFL em Rondônia, foi eleito pelo PDT. "Minha filiação ao PDT foi circunstancial. Foi simplesmente por causa da eleição", disse o senador. Apesar da revelação de que trocou de partido com finalidade exclusivamente eleitoral, Bianco afirmou ser favorável à fidelidade partidária. "Sou favorável, mas enquanto não tem...", disse. Para o senador, se a reforma na Lopp (Lei Orgânica dos Partidos Políticos) colocar o assunto em discussão, seu voto será pela adoção da fidelidade. O deputado Affonso Camargo (PR), que deixou o PPR e está sem partido, também deve se filiar ao PFL. Camargo afirmou que deixou o PPR porque o partido abriga o maior crítico do Plano Real, o deputado Delfim Netto (SP). "Respeito as posição do deputado (Delfim), mas meu eleitorado é favorável ao plano", disse Camargo. O deputado está aguardando a convenção extraordinária do PFL, marcada para 30 de junho próximo, para definir sua filiação. Nessa convenção será aprovado o novo programa do partido. Camargo também é favorável à existência da fidelidade partidária. "Mas para isso é preciso que existam partidos. Eu vivo essa realidade de partidos frágeis", disse. O deputado João Mellão Neto (SP), ex-ministro do Trabalho (governo Collor, 90-92), deixou o PL, ao qual era filiado desde 88. Mellão justificou a troca dizendo que o PFL tem um "trabalho grande para ter consistência ideológica" (o novo programa). Outro que deixou o PL foi o deputado Vicente Cascione (SP). Ele se filiou ao PTB para poder "trabalhar". "Eu saí do PL porque havia a perspectiva de o partido implodir. A tendência é acabar com os partidos pequenos", disse. "Agora sou vice-líder do partido, sou membro da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e ainda participo da comissão que analisa o monopólio do petróleo e a da reforma política". O deputado criticou os partidos existentes. Disse que eles não ouvem seus filiados, e as candidaturas nascem de cima para baixo. "Os partidos são pequenas tribos lideradas por poucos caciques", afirmou Cascione. Na rota contrária à de Mellão e Cascione, o deputado Luiz Buaiz (ES) deixou o PDT e foi para o PL. Buaiz disse que sua intenção é participar de um bloco multipartidário para as eleições municipais do próximo ano. "Me senti um estranho no ninho do PDT", disse Para Buaiz, a fidelidade partidária não será aprovada pelo Congresso. "No Brasil não há partidos com programa e doutrina. As pessoas se agrupam por suas afinidades pessoais", disse. Para ele, só com a reestruturação dos partidos e mudança na legislação eleitoral é que os políticos poderão pensar em ser fiéis às legendas pelas quais se elegeram. Texto Anterior: PDT insiste na desvinculação com o INSS Próximo Texto: Partido pode se tornar um "Arenão" Índice |
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