São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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Força Sindical empregou seis no Baneser

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Força Sindical empregou pelo menos seis pessoas na Baneser (subsidiária do Banespa que contratava mão-de-obra para o Estado de São Paulo sem concurso público) entre maio de 91 e abril de 92.
Na época, o governador era Luiz Antônio Fleury Filho.
Dessas seis pessoas, pelo menos quatro eram funcionários "fantasmas" (recebiam dinheiro público mas não trabalhavam para o Estado). "Eles trabalhavam para a Força Sindical e seus sindicatos", diz Enilson Simões de Moura, o Alemão, secretário-geral da central.
Wagner Cinchetto, ex-assessor do presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, apresentou nomes da lista com exclusividade à Folha. A relação cresceu com outra lista que chegou ao jornal por intermédio de denúncia anônima. De 15 nomes, seis foram confirmados pela Folha.
Segundo Cinchetto, a lista foi negociada entre o ex-governador Fleury, Medeiros e seu ex-assessor, Marcos Cará.
"A relação entre a Força Sindical e o governo do Estado acontecia entre o Medeiros e o Fleury", diz Alemão.
Segundo Cinchetto, Medeiros queria, no início da gestão Fleury, em 91, colocar um aliado seu, Plínio Sarti, como secretário do Trabalho. Sarti era, na época, secretário-adjunto.
Mas Fleury, afirma Cinchetto, disse que precisava do cargo naquele momento e ofereceu as contratações em troca.
"Eu mesmo fui falar com o Plínio Sarti que ele não seria o secretário", diz Cinchetto.
Sarti se tornou secretário do Trabalho em 1º de janeiro de 94, permanecendo no cargo até o fim da gestão Fleury, em 31 de dezembro do ano passado.
Os seis funcionários da lista da Força Sindical foram desligados do Baneser na mesma data: 1 de abril de 92.
Cinchetto explica que, na época, o PT começou a fazer denúncias sobre o uso político dos cargos no Baneser. "Eu mesmo disse: vamos tirar todo mundo de lá senão vai dar problema..."
A Folha confirmou que foi empregada pela Baneser Elena Vilela Martins, como assessora, de 3 de junho de 91 a 1 de abril de 92.
Ela é mulher do secretário de relações internacionais da Força Sindical, José Ibrahim.
Também Valmir Dantas, 1º secretário da Força Sindical, foi contratado pelo Baneser de 10 de maio de 91 a 1 de abril de 92, com a função de assessor.
No governo Itamar Franco, Dantas ocupou o cargo de secretário-executivo do Ministério do Trabalho e, na ausência do ex-ministro Marcelo Pimentel, chegou a dirigir o ministério. É atual secretário especial de projetos do Ministério do Trabalho.
Projetos
Segundo Alemão, Elena e Dantas chegaram a desenvolver projetos na Secretaria do Trabalho, assessorando Sarti. Já Cinchetto diz que Dantas era "fantasma".
A lista do Baneser inclui ainda Getúlio Braga Pereira. Ele foi contratado como assistente, de 1º de agosto de 91 a 1º de abril de 92. Getúlio, que confirmou ser primo de Alemão (Alemão nega), é funcionário da Força Sindical.
Na relação está também Luis Orlando Pereira Coelho, assessor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, de São Caetano e do Sindicato dos Têxteis, todos filiados à Força Sindical.
Walter Soares da Paixão, assessor do Sindicato dos Têxteis, é outro nome da lista.
Paixão e Coelho ficaram no Baneser, como assessores, de 10 de maio a 1 de abril de 92.
O último nome confirmado pela Folha é Nadir Giovanini de Jesus, funcionária da Força Sindical.
Os últimos quatro nunca chegaram a trabalhar para o Estado enquanto estiveram contratados, mas cumpriam funções na Força Sindical, segundo Alemão e Cinchetto.

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