São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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Bandas tramam terceira invasão britânica

DA REPORTAGEM LOCAL

Inglaterra e Estados Unidos, os maiores centros produtores e consumidores de rock do planeta, estão novamente esquentando uma eterna disputa estética e comercial. As bandas inglesas de rock estariam, pela terceira vez, invadindo o mercado norte-americano?
Em janeiro deste ano, a "Billboard", a bíblia do mercado fonográfico nos EUA, punha na capa: "Os britânicos estão chegando".
Pelo menos, as rádios norte-americanas tocavam bem bandas como Oasis, Stone Roses e Bush.
Os compactos dessas bandas apareciam nos primeiros lugares nas paradas de rock moderno.
Apesar de todo o estardalhaço, três meses depois, a invasão britânica ainda se confirmou.
Na "Billboard" de 22 de abril, o Oasis aparece na lista dos 200 discos mais vendidos -mas num modestíssimo 66º.
Antes do Oasis, grupos norte-americanos como o Live (4º), Green Day (11º), Offspring (22º) aparecem melhor colocados.
Nada que se compare, por exemplo, às paradas de singles de 84, quando "The Reflex", da banda inglesa Duran Duran, pulou de quarto lugar em 9 de junho para primeiro duas semanas depois e ainda estava em quinto em julho.
A brigada inglesa agora é mais esperta, com nomes como Suede, Elastica, Gene, Portishead e o próprio Oasis, para citar alguns.
No Brasil, as rádios de rock apostam não em uma invasão, mas na volta triunfal do rock inglês.
"Os ingleses perceberam que perderam terreno com o 'grunge' e revitalizaram. As novas bandas têm apelo mais pop. O Oasis, por exemplo, une a ironia inglesa com sabor pop", afirma Roberto Maia, 35 coordenador da FM Brasil 2.000, em São Paulo.
E se, para ele, os ingleses estão em boa fase, o rock americano passa por "uma dificuldade". "Grupos como o Green Day e Offspring não vão longe", aposta.
O coordenador-artístico da 89 FM, Luís Augusto Alper, 35, também não fala de invasão, mas de tendência: "Está havendo uma maior penetração do rock inglês. Depois do 'grunge', o os americanos passam por uma estiagem."
A explicação é parecida com a de Maia: revitalização. "Eles estão fazendo algo mais rock'n'roll. O Elastica, por exemplo, é super para cima. O que não dá mais, nem nos EUA nem no Brasil, é a melancolia do rock inglês."
Quem sabe a nova briga traga algo de (realmente) novo no front.

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