São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995
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Para Fipe, não há efeitos sobre a inflação

DA REPORTAGEM LOCAL

A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que calcula a inflação em São Paulo, diz que as medidas adotadas quinta-feira pelo governo para conter o consumo e o ingresso de cerca de R$ 3,7 bilhões a mais na economia a partir deste mês não terão impacto sobre os preços.
Os R$ 3,7 bilhões referem-se ao aumento do salário mínimo (que vai jogar R$ 1,5 bilhão a mais na economia) e das categorias com datas-base em março, abril e junho (R$ 1,7 bilhão).
Segundo Heron do Carmo, coordenador-adjunto do índice da Fipe, este dinheiro deverá ser usado para a compra de produtos da categoria "bens-salário" -alimentos e vestuário, basicamente.
"Mesmo uma pequena pressão sobre estes produtos não compromete a trajetória da inflação".
A curto prazo, segundo o economista, as novas medidas do governo não devem ter impacto sobre o consumo.
As medidas anticonsumo também não devem ter grande efeito sobre as vendas de automóveis em maio.
A avaliação é de Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (associação que reúne os distribuidores de veículos).
"O cheque pré-datado é pouco utilizado no comércio de automóveis novos", explica. Segundo Reze, "o mercado começa agora a sentir os efeitos das medidas anteriores".
Em fevereiro, o governo restringiu os prazos de financiamento na venda de carros e proibiu o leasing (aluguel com opção de compra). Atualmente as vendas financiadas representam apenas 10% dos negócios fechados.
O presidente da Fenabrave prevê para maio queda na "qualidade das vendas" -ou seja, aumento dos descontos e comercialização de carros com margem de lucro zero.
Reze prevê que este mês as vendas já serão entre 10% e 15% inferiores a março. Essa queda pode, segundo ele, se acentuar em maio.
Na avaliação do setor de autopeças, as medidas do governo terão um impacto imediato.
A falta de crédito deve reduzir o volume de vendas da indústria, afirma o presidente do Sindipeças (entidade das indústrias fabricantes de autopeças), Paulo Butori.
"O que estava segurando um pouco o setor até agora era o volume de vendas. As nossas margens estão muito reduzidas. Uma queda de 10% já será um golpe para o setor. Acho que temos um muro na nossa frente", afirmou.

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