São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995
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Novas medidas anticonsumo podem vir

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro José Serra (Planejamento) não descartou ontem a possibilidade de novas medidas para conter o consumo. "O governo trabalha todos os dias. Sempre que houver necessidade de novas medidas, elas serão tomadas."
Segundo Serra, as recentes medidas anticonsumo não são impopulares. "Impopular é a volta da inflação. Deixou saudade para quem ganhava com ela", afirmou.
O ministro se referiu ainda aos "coveiros do real". Para ele, são pessoas "que tiveram oportunidade de resolver os problemas no passado e não resolveram".
Para o ministro Pedro Malan (Fazenda), é preciso "evitar uma taxa excessiva de crescimento do crédito, o que poderia ter impacto sobre a inflação".
Factoring
A circulação de cheques pré-datados tende a continuar alta. As recentes medidas anticonsumo editadas pelo governo não atingiram diretamente as cerca de 3.000 empresas de factoring.
Essas empresas compram dos comerciantes os pré-datados com desconto (adquirem por R$ 90 cheque pré-datado de R$ 100, por exemplo).
Com os recursos, o comerciante pode continuar fazendo promoções e estimular suas vendas.
O pré-datado é considerado por técnicos do governo o instrumento de crédito de maior influência sobre o crescimento do consumo.
As factoring, muito mais numerosas que os bancos (há 244), não são consideradas instituições financeiras e, por isso, não são controladas pelo Banco Central.
Para enquadrá-las como instituições financeiras, seria necessária uma MP (medida provisória) ou a aprovação de uma lei específica.
Existem suspeitas que, em alguns casos, as factorings de bancos estariam funcionando apenas como fachadas.
O governo proibiu os bancos de comprar ou controlar as datas de depósito de cada pré-datado.

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