São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995
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Filme resgata pioneiro do cinema mineiro

EVANDRO EBOLI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JUIZ DE FORA

Começa a ser rodado em junho o longa-metragem "Lanterna Mágica", misto de documentário e ficção que irá contar a vida de João Gonçalvez Carriço (1886- 1959), um dos pioneiros do cinema em Minas Gerais.
Carriço produziu cerca de mil cinedocumentários entre 1933 e 1959. Ele viveu em Juiz de Fora (MG) e durante esses quase 30 anos retratou a vida do interior mineiro. Os fundos da produtora Carriço Film, criada em 1933, vinham da receita da empresa funerária de sua família.
Ele filmou procissões, casamentos e festas populares. Também registrou figuras imponentes da política, como os ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Café Filho.
Nas décadas de 10 e 20, Carriço já havia criado o cinema itinerante Cine Sereno, que projetava filmes nos bairros de Juiz de Fora.
O filme sobre a vida de Carriço marca a estréia do diretor Alexandre Alvarenga, 36, que estima o custo da produção em US$ 250 mil. "É o longa mais barato que está sendo filmado no país", diz.
Paulo José fará o papel de Carriço, acumulando esse trabalho com a atuação em "Policarpo Quaresma, o Herói do Brasil", baseado em "Triste Fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto, com direção de Paulo Thiago.
O elenco da produção mineira inclui mais dois atores da Globo. Patrícia Pillar, que viverá a mãe do cineasta, e Jackson Antunes. Roberto Bontempo, o padre José de "As Pupilas do Senhor Reitor" (SBT), vai fazer o Carriço jovem.
Ainda que pouco conhecido nacionalmente, foi o trabalho de Carriço que atraiu o elenco. "A história é brilhante e sedutora", disse Paulo José, que não vai mais dirigir programas de TV em 95. Vai apenas trabalhar como ator.
"Lanterna Mágica" será filmado em uma região próxima a Juiz de Fora e terá uma hora e meia de duração. "A filmagem será pontuada com imagens produzidas por Carriço", afirma Alvarenga.
Devem entrar na íntegra quase cinco minutos de uma sequência religiosa, gravada em 1947, em que um padre opera milagres.
O projeto do filme foi premiado no concurso "Resgate do Cinema Brasileiro", promovido pela Fundação Roquete Pinto, do Ministério da Cultura, que deu US$ 18 mil para a produção.
Alvarenga quer lançá-lo este ano, na carona das comemorações dos cem anos do cinema. Ele parte para seu primeiro longa após atuar como roteirista e diretor de vídeos comerciais.

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