São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995
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Peru processa ex-presidente García

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Congresso do Peru aprovou ontem levar aos tribunais o ex-presidente Alan García, suspeito de corrupção envolvendo cerca de US$ 1 milhão.
As acusações contra García, presidente entre 1985 e 1990, foram aprovadas por 59 votos (de um total de 80). Ninguém votou contra.
Exilado há três anos na Colômbia, García é acusado de aceitar suborno para dar o contrato de construção do trem elétrico de Lima ao consórcio italiano Tralima.
Outras acusações incluem associação ilegal e negociações incompatíveis com o cargo.
Os procuradores peruanos devem recorrer ao testemunho do empresário Alfredo Zanatti, preso semana passada por suposto envolvimento na corrupção.
Segundo o recém-reeleito presidente do Peru, Alberto Fujimori, Zanatti está fornecendo informações que "comprometem ainda mais García".
Entre elas, estariam detalhes de transações ilícitas envolvendo dólares do governo e contas bancárias mantidas por García no exterior. "Se forem encontradas provas, García estará politicamente acabado", disse Fujimori.
García deixou o Peru depois do golpe dado por Fujimori em 1992. Ele disse que voltaria a Lima para se defender das acusações, mas não voltou.
O congressista peruano Fernando Olivera pediu ao governo colombiano que revogasse o asilo dado a Alan García. "A Colômbia não poderá se recusar a extraditar García, disse outra congressista", Martha Chavez.
As principais acusações contra o ex-presidente foram feitas pelo cidadão italiano Sergio Siragusa.
Ele revelou ter depositado US$ 840 mil numa conta numerada do banco britânico Barclays nas ilhas Cayman, dependência britânica e paraíso fiscal no mar do Caribe.
O depósito seria uma compensação pelo favorecimento de García ao consórcio Tralima. A conta pertencia ao empresário Zanatti, que disse tê-la aberto "a pedido do presidente García".
"Zanatti diz que García tinha perfeito conhecimento das transferências que eram feitas para aquela conta", disse Chavez.
Uma comissão investigadora do Congresso determinou em 1991 que as quase 30 empresas criadas por Zanatti entre junho de 1987 e setembro de 1988 receberam subsídios do governo estimados em US$ 33 milhões. "Não foi tanto", diz Zanatti.
Joe Lázaga, ex-empregado do empresário, confirmou as relações comerciais entre seu ex-patrão e García.
Já Lidia Fontanals, ex-secretária do empresário, revelou comunicações por fax trocadas por Zanatti e amigos, que supostamente incriminam García.
A documentação se refere à compra por US$ 1,25 milhão de um avião, logo vendido por US$ 1,7 milhão.

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