São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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CMN dá paulada e realidade será de crescente iliquidez

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

Medidas indicam recessão; com economia desaquecida pode vir ajuste do câmbio
Até a semana passada, o governo oscilava entre duas opções para salvar o Real: a maxidesvalorização cambial ou a recessão.
Aparentemente, na quinta-feira ele optou pela segunda. O Conselho Monetário Nacional (CMN) fechou as torneiras à liquidez.
A pancada no consumo deve provocar retração de atividade se as empresas não exportarem o que não for absorvido internamente. A contenção das vendas internas será suficiente para reassegurar superávits comerciais? Como a dose foi cavalar, tudo indica que sim.
Mas parte do mercado desconfia que o rigor do CMN esconde outras intenções. Depois de desaquecida a economia, poderia promover o ajuste no câmbio no segundo semestre. A equação junta economia fria, câmbio ajustado e indicação de reforma fiscal.
Até lá, a economia terá de conviver com crescente iliquidez. Os bancos passaram a semana passada tentando dimensionar o impacto da circular 2.562. A medida promove, na prática, um contingenciamento da ponta de captação de depósitos a prazo. Para não ter prejuízo, o banco diminui a taxa de captação e aumenta a de aplicação.
Pelos cálculos dos bancos, ainda há uma folga de R$ 3,71 bilhões. Só que, esta semana, os bancos remetem ao Banco Central os cerca de R$ 2 bilhões para pagar os dólares comprados a termo em março e, no dia 2 de junho, cerca de R$ 2,75 bilhões relativos ao adicional de 3% sobre depósitos a prazo. Isto anula a folga.
Aí, o dinheiro só será encontrável nos bancos líquidos a custos punitivos. O problema não está tanto no descolamento do CDI. Nestas ocasiões, os líquidos costumam se retrair, tornando o crédito interfinanceiro muito seletivo.
Hoje não há este descasamento porque os bancos privados cobrem suas dificuldades de caixa diárias no redesconto do BC. E porque os bancos estaduais foram dispensados do recolhimento do compulsório (90%) sobre depósitos à vista. Mas só até 14 de maio. Se não for renovada, a pressão sobre o CDI será para valer.

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