São Paulo, segunda-feira, 1 de maio de 1995
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Mercado de importados sofre crise no Rio

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O aumento do percentual do II (Imposto de Importação) para veículos de 32% para 70% -com consequente aumento dos preços- já começa a trazer problemas às concessionárias que vendem os carros no varejo no Rio.
No BarraFreeShopping, segmento de importados do BarraShopping, (Barra da Tijuca, zona sul do Rio), duas revendedoras estão encerrando suas atividades: a Technik (especializada em BMW) e a Next, do grupo Mesbla, que vende carros Mazda.
Ambas vão continuar com outras revendas na Barra da Tijuca. ``As duas lojas estão na mesma região da cidade, havia quase um conflito de pontos", disse o diretor da Mesbla Automotiva, Antônio Resende.
A Next está com um movimento cerca de 60% menor em abril em relação aos meses de fevereiro e março, quando a empresa importou 1.700 carros.
Resende disse que a empresa cancelou pedidos e está tentando renegociar contratos com os japoneses da Mazda. ``Temos que mudar para um patamar adequado."
No setor de carros importados do BarraFreeShopping, onde a revenda Next ainda está instalada -o contrato termina em 15 de junho-, o movimento na semana passada comprova os números: muito pouca gente se interessava pelos carros.
Um vendedor que não quis se identificar disse que, desde que aumentou a alíquota, seus colegas passam todo o tempo jogando porrinha (jogo que consiste em adivinhar quantos palitos de fósforo ou moedas os participantes escondem na mão) por falta do que fazer.
Na Next do BarraFreeShopping, por exemplo, em março foram negociados 60 carros. Em abril, até terça-feira passada, não haviam sido negociados mais de 15, segundo o gerente Glauco Alecrim, 24.
Mesmo assim, Resende afirma que a saída do shopping não está diretamente ligada à queda da procura por importados. Seria uma estratégia da empresa. Segundo ele, os carros Mazda já são mais conhecidos do público do que quando começaram a entrar no país.
Com 706 revendas de carros importados instaladas no país, o segmento emprega 25 mil pessoas.
O diretor-executivo da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores), Wagner Jacintho, estima que cerca de 60% dessas pessoas venham a perder o emprego em seis ou sete meses, mantidas as atuais condições. Segundo ele, a partir da mudança de alíquota, a queda dos negócios chegou a 50%.
Em março, foram vendidos 24 mil veículos importados no país.

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