São Paulo, segunda-feira, 1 de maio de 1995
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Falta ao Palmeiras a figura do goleador

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Definitivamente, baixou a inhaca no Parque Antarctica. Ontem, mesmo jogando com uma equipe mista, contra o União, o Palmeiras acumulou uma infinidade de chances claras de gol. E saiu de campo, mais uma vez, derrotado: 2 a 1 para o União, que, rigorosamente, só foi duas vezes lá na área do Palestra.
Em contrapartida, ainda que desorganizado, o Palmeiras ia acumulando dissabores, com o goleiro Juliano salvando gols certos, a bola chocando-se com as traves e tudo o mais que compõe de hábito essas sinistras circunstâncias que o torcedor costuma chamar de fase.
Mas, na verdade, o que falta mesmo ao Palmeiras é a figura do goleador, seja no time principal, seja nos aspirantes.
Magão é o que mais se aproxima desse perfil. Contudo, parece-lhe faltar um estágio em qualquer time bom do interior para voltar com a dose indispensável de experiência para vestir a camisa 9 de um Palmeiras que sonha, no mínimo, com o título de campeão do mundo.
E um time sem goleador é a mais fácil presa do azar.

Ainda outro dia, arranquei um sorriso de aprovação de Telê, ao comentar que o tricolor não anda jogando nada e, mesmo assim, é líder de um campeonato disputadíssimo, embora não valha nada nesta fase.
A confirmação veio sábado, quando o São Paulo, mais uma vez, conseguiu vencer do XV, lá, com um gol de Bentinho, no finalzinho.
E, o mais curioso, é que esse time tem um ilustre elenco, do meio pra frente.
Com a recuperação de Alemão, o melhor jogador em campo, e a fixação de Mona como titular, o tricolor esbanja talento na sua linha média, com as opções restantes: Axel e Donizete e o júnior Pereira, que sempre responde bem quando chamado ao time principal.
Somam-se a eles os meias Juninho, Palhinha, Sierra, Ailton e o menino Denilson, para fazer a ligação com um ataque que pode dispor de Bentinho, Caio e Catê.
São 13 jogadores de alto nível para ocuparem seis posições no time. Quantos clubes de elite podem se dar a tal luxo?
Isso, sem falar nos goleiros Zetti e Rogério, uma jovem revelação que seria o número 1 indiscutível de qualquer grande brasileiro, com algumas poucas exceções de praxe -o Corinthians, o Palmeiras, o Vasco, o Atlético e, talvez, a Lusa, que estão bem servidos nessa posição.
Então, o que está faltando para o tricolor desenvolver um futebol compatível com seu potencial? A resposta corre pelas laterais do campo, o caminho certo para a modernidade, onde o tricolor carece de talentos à altura do resto do time.
Com as contusões dos dois canhotos, André e Ronaldo Luís, seu lado esquerdo tem sido um minado campo de provas (não seria melhor lançar um júnior ou mesmo um juvenil por ali, em vez de improvisar?). Pela direita, Pavãozinho mostrou-se mais dinâmico do que Cláudio. Mas ambos não chegam a resolver o problema.

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