São Paulo, segunda-feira, 1 de maio de 1995
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Los 3 Amigos en una história de cenanhos

J.M.M. KAZI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os quadrinhos, dizem os entendidos, começaram em 1895 com a aparição de Yellow Kid, personagem de Richard Outcault no jornal ``New York World".
Mas há quem diga que os quadrinhos começaram antes, muito antes. A polêmica começa na definição do termo quadrinhos. Já se fazia HQ antes de Yellow Kid. O ítalo-brasileiro Angelo Agostini publicava histórias em ``cenas" (com o texto em baixo do quadrinho) na revista ``Vida Fluminense", em 1868. Os personagens Max und Moritz, do alemão Wilhelm Busch, também são anteriores ao Menino Amarelo. Na França, Georges Coulomb criou a família Fenouillard em 1889.
O que marca a importância de Yellow Kid é o fato de ter sido a primeira tira de quadrinhos, uma forma que reinou absoluta nos EUA até o aparecimento, tímido, das revistas de HQ.
As tiras americanas chegaram ao status de arte com trabalhos como o de Herriman, com ``Krazy Kat", e Winsor McCay, autor de ``Little Nemo". Grande parte dos personagens que marcaram as décadas de 10 a 50 surgiram nos jornais diários em forma de tiras.
As revistas em quadrinhos começaram meio devagar. O grande salto aconteceu quando títulos exclusivamente voltados para quadrinhos, como ``Action Comics", passaram a ser publicados.
Foi nessa publicação que apareceu, em 1938, um dos personagens mais famosos de todos os tempos: o Super-Homem. Um ano depois, em 1939, a ``Detective Comics" (sigla que deu nome a uma das maiores editoras daquele país, a DC) deu o troco: surgia o Batman.
Depois do lançamento dessas revistas, os quadrinhos passaram a aparecer em todos os cantos do planeta e tomar de assalto as vidas de milhões de crianças e teens.
Na década de 50, mais uma revolução: surge a revista ``Mad", editada por William Gaines, que fazia sátira a tudo e a todos.
``Mad" lançou um novo olhar sobre os quadrinhos: o dos pais. Eles temiam uma suposta influência maléfica das HQs sobre seus filhos. Em 1954, o psiquiatra Frederick Wertham lançou um livro chamado ``A Sedução dos Inocentes", onde relata casos de deliquência juvenil associando-os à leitura de quadrinhos de terror e ficção.
O resultado foi um acordo entre as editoras americanas para estabelecer um ``código de ética". O ``estatuto" fez com que os HQs americanos ficassem inofensivos. Essa foi a deixa para que quadrinhos na Europa se desenvolvessem com mais força (leia texto abaixo).
No Japão, a coisa sempre foi diferente. O mercado japonês é enorme, e um gibi chega a vender um milhão de exemplares por semana. São pouquíssimos os estrangeiros que conseguem emplacar seus trabalhos junto aos japoneses.
Na década de 60, a HQ norte-americana teve um novo sopro de vida. Era o surgimento dos quadrinhos alternativos de Gilbert Shelton e Robert Crumb. Suas criações influenciam novos desenhistas e roteiristas até hoje.
A década de 80 não trouxe nenhum novo personagem de sucesso, mas recriações de antigos campeões de venda. Assim, por exemplo, o quase esquecido Batman voltou em versão de Frank Miller.

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