São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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Parlamentares reagem a fechamento de 255 agências do Banco do Brasil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA AGÊNCIA FOLHA

Deputados e senadores reagiram de forma negativa à intenção do BB (Banco do Brasil) de fechar 255 agências consideradas ``cronicamente deficitárias", ou seja, que nunca deram lucro.
A relação dessas agências foi publicada ontem na Folha, que obteve documento do Departamento da Administração do BB. A assessoria de imprensa do BB confirmou ontem a existência da lista.
Os parlamentares questionam a real necessidade do fechamento das agências.
``O problema que precisa ser combatido é a administração por critérios políticos e não técnicos", disse o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), funcionário licenciado do banco.
Segundo ele, as 349 agências classificadas como ``cronicamente deficitárias" são responsáveis por apenas 5% dos prejuízos do banco. Ou seja: R$ 4,665 milhões dos R$ 933 milhões de resultado negativo acumulado nos três primeiros meses deste ano.
O líder do PPR no Senado, Epitácio Cafeteira (MA), enviou ontem um requerimento de informações ao ministro Pedro Malan (Fazenda) para saber quanto a União deve ao BB.
``Não é segredo para ninguém, muito menos para o presidente do BB, Paulo César Ximenes, que o maior inadimplente do banco é o Tesouro Nacional", afirmou.
Para Cafeteira, não há razão em se fechar agências em prol do equilíbrio financeiro, se a própria União não paga o que deve ao BB.
O deputado José Fortunatti (PT-RS) disse que as 18 agências listadas para serem desativadas no seu Estado estão localizadas em áreas de vocação agrícola.
``Se o BB é o responsável pelo fomento à produção rural, o banco precisa estar presente nestes lugares", afirmou.
O deputado Anivaldo Valle (PPR-PA), também funcionário licenciado do BB, encaminhou ontem telegrama a Ximenes manifestando preocupação com o fechamento de sete agências no Pará.
Na avaliação do deputado Nelson Marchezan (PPR-RS), funcionário aposentado do BB, a intenção de desativar 255 agências ``é um sintoma da falta de recursos para aplicar na agricultura, sua principal função".

Estados
As agências do Ceará que estão ameaçadas de fechamento iniciaram uma campanha para aumentar o número de clientes. Querem captar mais dinheiro e provar que podem dar lucro.
O gerente da agência do Banco do Brasil em Tamboril (304 km ao norte de Fortaleza), Júlio Bonfim, disse está mobilizando a comunidade para evitar o fechamento da agência, uma das 255 do país que nunca deram lucro.
Segundo a assessoria de imprensa do Banco do Brasil no Ceará, desde o início de março as agências deficitárias foram orientadas a realizar campanha para se tornarem lucrativas.
A superintendência do Banco do Brasil em Minas Gerais informou ontem que as agências consideradas deficitárias que operam no Estado têm prazo até o mês que vem para reverter suas posições. Caso não cumpram as metas que foram impostas em março pelo BB, elas poderão ser fechadas.
Segundo a superintendência do BB, os critérios que o banco está levando em conta para determinar a viabilidade econômica das agências são os de rentabilidade e de potencial para gerar novos negócios.
O superintendente do Banco do Brasil em Sergipe, José Raimundo de Moura, acredita que menos de um quinto das 25 agências deficitárias do banco no Estado conseguirão ter lucro e evitar o fechamento.
``Há indícios de que três ou quatro dessas agências vão conseguir sair dessa condição até o final de maio", avaliou.

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