São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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Virus mutante 'seleciona' vítimas de câncer

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Vírus mutante 'seleciona' vítimas de câncer
Cientistas britânicos descobriram por que algumas mulheres são mais suscetíveis ao câncer no colo do útero (parte mais externa do órgão) do que outras.
Segundo um estudo publicado na revista "Nature Medicine", isso acontece porque seus organismos falham na identificação de uma forma mutante do vírus responsável pela doença.
Os pesquisadores acreditam que esta descoberta possibilite a criação de uma nova abordagem para o desenvolvimento de uma vacina contra o câncer no colo do útero, uma das maiores causas de morte entre mulheres em todo o mundo.
O trabalho foi coordenado por cientistas da Campanha Britânica do Câncer.
Há várias causas possíveis para o surgimento deste câncer, mas uma das principais é um vírus causador de verrugas -HPV-, que é transmissível sexualmente.
Os pesquisadores Lawrence Young e Peter Stern concluíram que algumas mulheres são mais suscetíveis a uma forma mutante do vírus, conhecida como HPV 16.
Segundo o artigo da "Nature Medicine", o tipo de tecido com o qual uma pessoa nasce determinará como o corpo responderá a uma determinada infecção viral.
Para saber o tipo de tecido, médicos classificam as células de acordo com as moléculas que elas têm na superfície.
Mulheres suscetiveis ao câncer são as que têm a molécula "HLA-B7" nas células.
Normalmente, em pacientes infectadas pelo HPV 16, uma determinada proteína do vírus parece disparar a resposta imunológica do corpo à invasão.
Nas mulheres que possuem o "HLA-B7", as células de defesa do organismo simplesmente não "enxergam" o vírus, permitindo o crescimento do câncer.
"Esta pesquisa é vital para a compreensão de nossas respostas imunológicas ao câncer", disse Young.
Segundo ele, uma mudança em um vírus associado ao câncer que afeta o deenvolvimento de tumores nunca havia sido vista antes.
O câncer no colo do útero é facilmente detectado e curado quando está no início, mas o tratamento perde eficácia quando a doença se encontra em estágios mais avançados.
Mama x útero
Em outro estudo, publicado na revista do Instituto Nacional do Câncer (EUA), pesquisadores afirmam que o tratamento de câncer na mama (não especificado) aumenta o risco de desenvolvimento de câncer no útero.
Os pesquisadores acham, entretanto, que os benefícios causados pela terapia compensam os riscos de um câncer secundário.
"Os riscos reais de aumento do câncer na mama são muito maiores que qualquer risco de males secundários", afirma Craig Jordan, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade Northwestern (EUA).
A pesquisa também detectou um possível risco de câncer no estômago e no intestino, mas os pesquisadores querem coletar mais dados para confirmar o risco.
Apesar dos resultados, os cientistas concluíram que uma das drogas mais comuns contra o cãncer de mama -tamoxifen- não contribui para aumentar o risco de câncer no útero.
Outros estudos já haviam apontado que o tamoxifen aumentaria o risco de tumores malignos no colo uterino.

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