São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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Saúde prepara seminário para discutir descriminação das drogas

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério da Saúde está organizando um seminário para discutir, entre outras idéias, a descriminação do uso de drogas, proposta já defendida publicamente pelo ministro da Justiça, Nélson Jobim.
O seminário nasceu da constatação do ministro Adib Jatene de que a sua pasta ``fica com as mão amarradas" na questão do tratamento de drogados.
Ajudá-los significa ``ajudar supostos criminosos", já que a lei os considera como tais. Jatene não concorda: ``O usuário é um doente e não um criminoso".
Mas não vai tão longe quanto Jobim na defesa da descriminação. ``Em um problema complexo, é preciso o maior cuidado para não ficar imobilizado nem tornar-se imprudente", limita-se a dizer o titular da Saúde.
O ministro diz que, sem poder ajudar os viciados, porque são considerados criminosos, o ministério acaba permitindo que ``o uso de uma mesma seringa por várias pessoas esparrame a Aids".
Em contrapartida, tem ouvido da polícia que, se houver a descriminação, o usuário passará a ser o traficante, dado que não sofreria punição pela lei.
Por isso, Jatene achou mais prudente ``analisar o tema em profundidade, em vez de ficar dando palpite sob um aspecto (a descriminação), desconhecendo o conjunto do problema".
O seminário vai reunir não só os especialistas da Saúde e da Justiça, mas também psicólogos e psiquiatras que tratam de viciados em drogas.
A data definitiva ainda não está marcada, mas o ministro quer que seja realizado com urgência. ``Essas coisas não podem demorar", diz.

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