São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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Refém diz ter feito 'escolha de Sofia'

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Refém diz ter feito `escolha de Sofia'
Durante o assalto de 123 h no Paraná, vítima diz que foi forçada a escolher um dos filhos para ser levado na fuga
Úrsula Kraemer, 29, uma das reféns do assalto de 123h em Marechal Cândido Rondon (PR) e mãe dos gêmeos Fabrício e Fabiano, 7, disse ontem à Agência Folha que escolheu um dos filhos para ir junto com os assaltantes, caso houvesse uma fuga.
Ela não quis dizer o nome do escolhido. ``Não posso falar. O nome vai comigo para o túmulo."
Úrsula, com mais seis pessoas, foi mantida como refém em uma casa desde o último dia 24 até o dia 29. A polícia invadiu o local, matou os assaltantes e libertou os reféns, ferindo um deles.
A situação é similar à do filme ``A Escolha de Sofia", em que uma mãe é obrigada a escolher qual dos filhos morrerá em um campo de concentração.
A seguir, os principais pontos da entrevista dada por Úrsula à Agência Folha, por telefone:
Agência Folha - Os sequestradores pediram à senhora que escolhesse um dos seus filhos para fugir com eles?
Úrsula Kraemer - Sim. Eles conversaram com a Leina (Leina Reuter Martin), porque eu estava muito nervosa. Ela disse que eu tinha que escolher um dos meninos e também quem iria com eles, se eu ou ela. Disse que eu iria.
Agência Folha - A senhora chegou fazer a escolha?
Úrsula - Fiz minha escolha baseada naquele que apresentava melhor estado emocional.
Agência Folha - Qual deles foi o escolhido?
Úrsula - Não posso falar. O nome vai comigo para o túmulo.
Agência Folha - As crianças sabiam do perigo que corriam?
Úrsula - No primeiro dia, elas não entenderam nada. Acordei os dois e falei: ` não perguntem nada que na hora certa a mamãe vai explicar'. Depois, eles me perguntaram e eu disse que era um assalto.
Agência Folha - Como a senhora viu a ação da polícia?
Úrsula - Enquanto estava lá, estava revoltada. Não entendia a razão de tanto barulho. Depois que fui libertada, achei o máximo. Achei que os ninjas (policiais vestidos de preto que participaram da operação) fizeram um trabalho muito bem feito.
Agência Folha - A senhora viu como a Leina foi atingida?
Úrsula - Não vi. Mas acho que foi um dos moços. É pesado chamar de bandido, né?

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