São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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Freio no consumo é pouco eficaz

DA REPORTAGEM LOCAL

As medidas do governo da semana passada para conter o consumo tornaram o crediário mais caro a partir desta semana. Mas dificilmente terão efeito sobre o movimento geral do comércio em maio.
Os prazos no crediário e o uso de cheques pré-datados continuam inalterados. O que mudou foi o juro em algumas lojas. Subiu de dois a três pontos percentuais.
``As medidas não terão grandes efeitos, mas o governo vai acabar, mais para frente, provocando uma recessão", diz Elvio Aliprandi, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Segundo ele, o calote (não-pagamento) no crediário cresceu 266% em abril em relação ao mesmo mês do ano passado.
No sábado passado, dois dias depois das medidas, o comércio registrou seu melhor movimento de abril. Realizou quatro mil vendas a prazo a mais do que a média de todo o mês e sete mil à vista, segundo a ACSP.
Mappin, G. Aronson, Casa Centro e Casas Bahia continuam com os mesmos prazos de antes para o crediário. No Caso da Bahia, o juro subiu de 12% para 14% ao mês. No Mappin, deve subir hoje. Nas outras duas redes, ficou inalterado -por enquanto.
Para maio, o Mappin espera aumentar suas vendas em 25% este mês sobre maio de 1994.
O crediário e os cheques pré-datados foram o principal alvo das medidas anticonsumo de quinta-feira passada.
O aumento de 6% para 18% no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre empréstimos tornou o crediário mais caro e, em outra medida, os bancos ficaram proibidos de emprestar dinheiro ao comércio em troca de pré-datados.
O comércio também deve continuar aceitando os pré-datados como pagamento. Em algumas redes, os pré-datados respondem -juntamente com os cartões de crédito- por 80% das vendas.
Segundo Raul Sulzbacher, responsável por informações dos shopings na Federação do Comércio do Estado de SP, os cheques continuarão sendo usados pelas lojas como forma de pagamento aos fornecedores (leia texto abaixo).
``As medidas atingem apenas as classes mais pobres, que não usam cheque e que dependem do crediário. Mas esta classe é a que menos consome", diz Sulzbacher.

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