São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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Major vê afinidade com a política de FHC

CLÓVIS ROSSI; ROGÉRIO SIMÕES
DO ENVIADO ESPECIAL E DO CORRESPONDENTE EM LONDRES

O primeiro-ministro britânico, John Major, disse ontem que há ``uma similaridade muito aguda de pontos de vista entre os governos brasileiro e britânico" na questão das relações internacionais.
A afirmação foi feita à porta do mais importante endereço político da Grã-Bretanha, o número 10 de Downing Street, residência oficial do primeiro-ministro.
A seu lado, o presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, se dizia ``muito contente" pelo fato de os dois mandatários terem coincidido nas opiniões sobre as reformas no sistema financeiro global e nas Nações Unidas.
Fernando Henrique está em Londres para participar das comemorações dos 50 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.
O encontro Major-FHC começou com quatro minutos de atraso em relação ao horário marcado (9h30) e se estendeu por exatos 40 minutos, depois que o vice-presidente norte-americano, Al Gore, deixou Downing Street.
O primeiro-ministro disse também que ficaria ``deliciado" em tornar disponível, ``se solicitada pelo Brasil", a experiência britânica em privatizações, que considera ``maior do que qualquer outro país do mundo".
O tema privatizações entrou na agenda dos dois, para, segundo FHC, evitar que se façam no Brasil os mesmos erros cometidos na Inglaterra. Não especificou quais.
Quanto à reforma dos organismos internacionais, FHC repetiu o que dissera anteontem sobre a necessidade de mecanismos de prevenção e não apenas a atuação internacional depois que a crise já está instalada em certo país.
O presidente brasileiro entregou a Major um relatório contendo propostas do governo brasileiro, entre as quais a de se dar papel mais ativo ao BIS (Banco de Compensações Internacionais, uma espécie de Banco Central dos bancos centrais, com sede na Suíça).
Para FHC, as informações técnicas que o BIS dispõe sobre cada país ``não estão sendo postas à disposição de maneira suficiente".
O presidente não quer que a reforma das instituições financeiras globais se limite ao aumento de recursos para os organismos existentes. Até porque ele admite que ``é difícil que se repita o que aconteceu com o México".
É uma referência ao fato de que o México obteve um pacote de ajuda de cerca de US$ 50 bilhões, dinheiro que não vai aparecer se outro país em desenvolvimento quebrar, acha o presidente.
FHC chegou a chamar de ``patético" o comportamento do FMI (Fundo Monetário Internacional) no caso brasileiro, ao negar-se a conceder um crédito de apenas US$ 2 bilhões no ano passado.
``Se o Brasil não estivesse cheio de reservas, entraria em crise", disse o presidente. FHC elogiou, no entanto, o aval político dado ao governo brasileiro pelo gerente-geral do FMI, Michel Camdessus.
(Clóvis Rossi e Rogério Simões).

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