São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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Galeria Prestes Maia será filial do Masp em 1996

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 16/05/95
O nome do presidente da comissão Pró-Centro é Sanderlei Fiusa, e não Salvador Fiusa, como saiu à pág. 5-1 da Ilustrada do último sábado.
O bom filho à casa torna. O Masp (Museu de Arte de São Paulo), que nasceu em 1947 na rua 7 de abril, no centro de São Paulo, terá em 1996 uma filial na galeria Prestes Maia -que liga a praça do Patriarca ao vale do Anhangabaú, na altura do viaduto do Chá.
O dinheiro já está carimbado. Em abril a prefeitura aprovou a dotação de recursos da Operação Urbana Anhangabaú para a reforma da galeria e, também, a cessão do prédio para o Masp. Prevê-se um gasto de R$ 5 milhões.
A Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), que gerencia as obras da Prefeitura de São Paulo, tem em mãos um anteprojeto (veja croqui acima) da ocupação e recuperação dos cerca de 5.000 metros quadrados do prédio.
A partir desse esboço será aberta uma concorrência para a realização do projeto arquitetônico.
A prefeitura tem pressa. Quer inaugurar a filial por volta de junho de 1996, último ano de mandato do prefeito Paulo Maluf.
Mas há bastante trabalho a fazer. A galeria, ainda parcialmente ocupada pela Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), serve de abrigo a mendigos e meninos de rua. Tem piso e iluminação inadequados e paredes sujas; e as saídas em certos horários são perigosas.
O arquiteto Julio Neves, atual diretor-presidente do Masp, também com mandato até 1996, diz que a idéia é justamente recuperar para a cidade um espaço mal utilizado. ``Vamos fazer um prédio de Primeiro Mundo ali", afirma.
``Teremos instalações de alta qualidade, com segurança perfeita, circuito de TV interno etc. Será como um shopping center."
Como se vê no anteprojeto, alguns pontos de fato lembram um shopping center. No térreo (piso que dá para o vale) haverá uma ``área de alimentação", como as dos shoppings. Haverá uma loja da TV Cultura. O museu também venderá seus livros e produtos, no primeiro andar.
O espaço de exposições -a galeria, que dá para a praça, e o Salão Almeida Júnior, no primeiro andar- será dedicado, segundo Neves, apenas a mostras temporárias. Funcionará como uma galeria que não vende obras.
Nada do acervo permanente do Masp -as 300 melhores obras do museu- deverá ser exibido no prédio, que ainda não foi batizado. Mas é possível que se exibam partes das outras 4.700 peças do acervo, muitas delas desconhecidas.
Mas a ênfase é nas temporárias. ``O novo espaço vai ser muito bom para o Masp, já que a sede é muitas vezes solicitada a fazer exposições e não dá conta", diz o conservador-chefe Luiz Marques, que acha que a filial poderá ter um papel de ``animação cultural" do centro, onde circulam ``pessoas menos habituadas à arte".
Esse papel é também o que interessa a prefeitura. ``O prédio recuperado, e administrado pelo Masp, terá uma força muito grande na valorização do centro", diz Salvador Fiusa, presidente do Pró-Centro, comissão que lida com a preservação e recuperação da região.
Segundo Neves, o Masp há três anos (antes de sua gestão, portanto, que começou em 1994) mostra interesse pela galeria, mais exatamente pelo Salão Almeida Júnior.
``Achei que faria mais sentido se ocupássemos o prédio todo", diz Neves. ``É melhor para a cidade e para o museu."
O diretor não acha contraditório que o museu, que tem problemas de infra-estrutura e de caixa graves, tenha filial.
``Ela vai gerar os recursos que a manterão", diz. ``O Masp também vai deixar logo de depender de verbas públicas. E o prédio vai sofrer uma verdadeira restauração."
Entre seus planos para captar mais renda, estão o aumento do número de sócios, a instalação do painel eletrônico e o empréstimo do subsolo para exposições.

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