São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995 |
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Comentários no Brasil geraram receio
GILBERTO DIMENSTEIN
Mas as suspeitas embutidas em avaliações da Casa Branca e da CIA (Agência Central de Inteligência) vinham de afirmações e comentários feitos dentro do Brasil e rumores sobre o sigiloso programa paralelo. Pressionava-se para que o Brasil assinasse tratados de não-proliferação, mas o país recusava. Quando se anunciou o acordo Brasil-Alemanha, em maio de 1975, a primeira suspeita recaía não contra os militares brasileiros, mas contra os alemães que, derrotados na Segunda Guerra Mundial, estavam proibidos de produzir armas. O Brasil seria, então, um campo de experimentação. Logo que foi anunciado o acordo, físicos brasileiros lançaram pesadas críticas. O então presidente da Sociedade Brasileira de Física, José Goldemberg, dizia que o país tinha potencial hidrelétrico e não justificaria tanto investimento na área nuclear. A Sociedade Brasileira de Física lançou nota de protesto e, tempos depois, recebeu o apoio oficial da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). ``Os militares diziam que existia uma conspiração montada pela CIA, por judeus e por comunistas", recorda-se Goldemberg. Os arquivos do CSN brasileiro referem-se à suposta oposição da CIA e da ``esquerda" -a esquerda comandaria os físicos que faziam oposição ao projeto. O receio americano era de que o Brasil, depois de abandonar o alinhamento automático com os EUA (período Geisel) passasse a exportar tecnologia nuclear para nações consideradas adversárias na África ou no Oriente Médio. Texto Anterior: Figueiredo nega suspeita de bomba nuclear Próximo Texto: Expulsões do PDT ressuscitam proposta de fidelidade partidária Índice |
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