São Paulo, quarta-feira, de dezembro de |
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O transporte multimodal
SÍLVIO CAMPOS JORGE Não há transporte multimodal nacional no país. Isso porque o modal rodoviário é hoje detentor de praticamente 100% das cargas possíveis de serem conteinerizadas, pois leva três vantagens em relação aos outros modais:1) realiza o transporte ``porta a porta"; 2) tem ligação direta com praticamente todas as cidades brasileiras; 3) o transportador rodoviário está em contato permanente com o recebedor ou expedidor da carga. Mas o quadro pode ser revertido e há reais possibilidades de o Brasil vir a incorporar-se ao resto do planeta adotando a multimodalidade como o sistema de transporte mais usado. A medida exata do quanto precisamos mudar a nossa matriz de transportes pode ser tomada a partir do número da frota mundial de contêineres -o elo do transporte multimodal. Circulam hoje pelo mundo um total de contêineres estimado em 7,5 milhões de TEU's. No Brasil, podemos afirmar que 80% das cargas manufaturadas do comércio exterior, incluindo-se o café e produtos petroquímicos sólidos, são conteinerizadas e, portanto, utilizam o transporte multimodal. Mas, infelizmente não podemos apresentar o mesmo número no comércio interno brasileiro, apesar de possuirmos infra-estrutura e cultura compatíveis com uma plena utilização de contêineres. A previsão para o ano de 1995 é movimentar cerca de 1,6 milhão de TEU's no Comércio Exterior. Para revertermos o quadro da distrubuição de cargas entre os diversos modais e entrarmos de fato na era da multimodalidade precisaríamos: 1) implantar a Lei dos Portos (lei nº 8.630), colocando a operação portuária em mãos da iniciativa privada para eliminar o entulho burocrático nos portos e diminuir custos do transporte marítimo; 2) também é imperativo que o Estado delegue à iniciativa privada a total exploração do modal hidroviário fluvial; 3) quanto ao transporte ferroviário, é notório que este modal abandonou há muito tempo a carga geral, dedicando-se quase que exclusivamente ao transporte de grãos, fertilizante, minério de ferro e produtos siderúrgicos. A concretização do processo de privatização das ferrovias, em andamento, dará um novo perfil às cargas a serem transportadas por esse modal. Por fim, é urgente que o Congresso Nacional aprove a lei em tramitação na Câmara dos Deputados que regulamenta a atividade do operador de transporte multimodal, tanto para o mercado nacional, como para o internacional. O resultado será a redução dos fretes com a utilização mais adequada de um determinado modal em um determinado trecho. SÍLVIO VASCO CAMPOS JORGE, 49, empresário, é presidente da Câmara Brasileira de Contêineres e diretor da Multitêxiner. Texto Anterior: Cidades disputam sede de estação ecológica na serra da Mantiqueira Próximo Texto: 5 PMs são mortos no fim-de-semana no Rio Índice |
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