São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 1995
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Para Fiat, Brasil é prioridade número um

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A MILÃO

``O Brasil e o Mercosul são nossa prioridades número um depois da Itália", disse ontem Paolo Cantarella, 50, responsável por toda a divisão de automóveis do grupo italiano Fiat.
Cantarella, que tem uma aparência bastante jovem, é um dos sucessos atuais entre empresários italianos. A revista ``L'Espresso" desta semana dedica quatro páginas à sua vertiginosa carreira.
A empresa-mãe (``holding") do grupo Fiat é dirigida por Gianni Agnelli, em primeiro lugar, e depois por Cesar Romiti. Abaixo de Romiti, e número um do setor de automóveis, está Cantarella.
Falando a um grupo de jornalistas brasileiros, ele confirmou que a montadora prepara a substituição do Tipo por um modelo novo, conhecido como 182, e que ``L'Espresso" diz que se chamará Brava.
O novo Tipo será lançado no fim do ano na Itália e deverá chegar ao mercado brasileiro em 1996. Um outro carro, o 178, ainda sem nome, será produzido na Argentina e no Brasil.
Cantarella diz que os compromissos da montadora com o Mercosul são de longo prazo. A Fiat está investindo US$ 500 milhões no Brasil e constrói uma fábrica de US$ 600 milhões na Argentina.
Ele esteve há um mês no Brasil e, embora considere fácil o diálogo com os políticos locais, espera que as medidas de contenção da demanda não carreguem demais na dosagem, matando o paciente.
O ``capo" dos automóveis da Fiat acha também que o Brasil está conseguindo escapar do ``efeito tequila" e das comparações com a crise na economia do México.
Ele considera também que mais fundamental do que o ritmo das privatizações é o fato de o governo ter se definido por elas.
Cantarella acha difícil que a Fiat do Brasil mantenha os altos índices de crescimento dos dois últimos anos. Dependerá da política econômica e também do desempenho dos concorrentes.
Segundo ele, o importante agora é ``estabilizar e consolidar" o crescimento, através da melhoria do produto e das fábricas, e investir na rede de revendedores.
Se a economia diminuir muito o seu ritmo de crescimento no Brasil, o importante, para Cantarella, será a Fiat ``baixar menos do que os concorrentes, o que também é muito difícil de se conseguir".
Ele também acha importante o Brasil aumentar a sua capacidade de gerar empregos e se tornar um país cada vez mais competitivo.
Para ele, o Brasil tem três coisas fundamentais: capacidade de produção energética, matéria-prima e mão-de-obra.
Depois de dar prejuízo em 93, a montadora voltou a ter um excelente desempenho em 94 e dar um lucro de cerca de US$ 1 bilhão.
Somente nos três primeiros meses de 1995, a Fiat Automóveis, em todo o mundo, pulou da produção de 450 mil carros (em 1994) para 585 mil.

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