São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Goldberg lidera comunidade feminista

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

Filme: Somente Elas...
Produção: EUA, 1995
Direção: Herbert Ross
Elenco: Whoopi Goldberg, Mary-Louise Parker, Drew Barrymore
Estréia: hoje nos cines Belas Artes, Paulista 1, Paris e Olido 2

"Somente Elas...", de Herbert Ross, leva às últimas consequências duas modas norte-americanas: o politicamente correto e a formação de comunidades alternativas.
Num mundo feito de gente despreconceituosa, três mulheres se unem para percorrer os EUA de carro. Qualquer semelhança com ``Thelma e Louise", de Ridley Scott, não é mera coincidência.
Jane (Whoopi Goldberg, de ``Ghost") é negra e lésbica. Robin (Mary-Louise Parker, de ``Tomates Verdes Fritos") é puritana e tem Aids. Holly (Drew Barrymore, de ``E.T.") matou o marido violento e está grávida.
Juntas, as três irão constituir uma família, radicada num vilarejo repleto de gente compreensiva e mergulhada num mar de lágrimas.
O lacrimário é compensado pelo humor, que existe no filme em proporção quase comparável à de tragédia.
A música também. Uma esdrúxula legião de cantoras agrupadas na categoria ``sexo feminino" desfila pelo filme, em música, imagem ou citação: Karen Carpenter, Janis Joplin, Carole King, Chrissie Hynde, Annie Lennox, k. d. lang, Dolores O'Riordan, Sheryl Crow, Barbra Streisand...
A falta de Madonna é neutralizada pela presença da luminosa Drew Barrymore, uma quase-sósia, cuja personagem namora, aliás, um policial bonzinho que é a cara de Sean Penn. São a melhor coisa do filme.
Robin encontra um namorado disposto a se relacionar com uma garota soropositiva, mas não consegue levar a transa até o fim. O sexo é vetado a aidéticos.
Vivendo um romance latente, Jane e Robin -a lésbica e a aidética heterossexual- permanecem imaculadas, pelo menos em frente às telas de cinema.
Repete-se a síndrome ``Filadélfia" (filme de Jonathan Demme em que Tom Hanks interpreta um portador do HIV): o homossexualismo é bom, mas só nas palavras.
O público ri, chora, torce pelas heroínas e sai achando que é ``moderno". É um primeiro passo.

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