São Paulo, sábado, 20 de maio de 1995
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Mott diz temer reação a artigo sobre Zumbi

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O antropólogo Luiz Mott, presidente do Grupo Gay da Bahia, disse ontem que está com medo de sofrer algum tipo de violência em razão de suas afirmações de que Zumbi dos Palmares, líder negro da época da escravidão, seria homossexual.
Mott disse que sua rotina mudou depois da madrugada de anteontem, quando o muro da frente de sua casa e seu carro apareceram pichados. O carro, um Lada vermelho modelo 95, teve o vidro dianteiro quebrado.
Foram pichadas as expressões ``Zumbi Filhos" e ``Zumbi Vive".
Mott, que é branco, criou polêmica com a comunidade negra de Salvador ao publicar um artigo, na última segunda-feira, no jornal ``Bahia Hoje", levantando a hipótese de que Zumbi seria homossexual.
``Fui vítima da intolerância e da ignorância. Mas acho que os ânimos vão se acalmar", disse Mott.
Segundo ele, quem deve emitir um parecer definitivo sobre sua tese é a comunidade científica.
Mott acredita que a partir da polêmica criada com seus argumentos serão feitos outros estudos sobre a sexualidade de Zumbi.
``O julgamento tem que ser feito pela ciência e não por entidades políticas", disse Mott.
Walmir França Santos, 4l, diretor de cultura do bloco Olodum, disse que Mott precisa se retratar.
``O que aconteceu com o carro serviu como aviso. Nós não podemos controlar todos os membros da comunidade negra", afirmou.
``Mott perdeu a peleja. Acho que ele deve se retratar."
Segundo ele, o antropólogo corre o risco de ser ``isolado e perseguido" pela comunidade negra.

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