São Paulo, sábado, 20 de maio de 1995
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Ébola continua no corpo após recuperação

DA REPORTAGEM LOCAL COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Caso documentado na década de 70 mostra que vírus pode ser transmitido vários meses após fim da doença
O Ébola pode continuar sendo transmitido por vários meses por uma pessoa que consegue se recuperar da doença que ele causa.
"É possível que o vírus não desapareça completamente depois que o indivíduo fique bom, disse Adauto Castelo Filho, professor da Universidade Federal de São Paulo, em entrevista à Folha.
Ele cita caso documentado na década de 70 de um homem que contagiou a mulher por via sexual três meses após a recuperação.
Ontem a OMS (Organização Mundial da Saúde) informou que 89 pessoas morreram. O número de casos confirmados foi para 124.
Os bloqueios nas estradas que chegam a Kinshasa, capital do Zaire, devem ser suspensos. Para a OMS, os bloqueios não servem para surtir o efeito que o governo zairense, erradamente, esperava.
No Brasil, Fernando Portela Câmara, chefe do Laboratório de Epidemias Virais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, informou que pessoas vindas das áreas de risco deveriam ser colocadas em quarentena por 21 dias.
É o período máximo que o vírus pode passar no organismo sem causar sintomas.
Anteontem, o ministro da Saúde, Adib Jatene, informou que "a possibilidade de uma pessoa infectada chegar ao Brasil é muito pequena, para não dizer que é zero.
Luiza Madia de Souza, diretora do serviço de virologia do Instituto Adolfo Lutz, concorda.
Ela diz, entretanto, que deveria ser mantido contato com as pessoas suspeitas, o que não é a norma no país.
Tom Skinner, porta voz dos CDC (Centros para Controle e Prevenção de Doenças), em Atlanta, disse à Folha que os EUA fazem testes em todos que vêm das áreas de risco que chegam ao país.
Se forem liberadas após os exames clínicos, recebem um cartão amarelo que devem portar por seis meses e apresentar aos médicos em caso de doença.
Não há vacina ou tratamento específico contra o Ébola, que pode matar em nove dias. A taxa de mortalidade chega a 90%.

Com agências internacionais

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