São Paulo, sábado, 20 de maio de 1995
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Protesto e ficção

CARLOS HEITOR CONY

RIO DE JANEIRO - Segmento pobre, quase maldito na mídia, a literatura já viveu melhores dias na geléia geral do nosso tempo. São raríssimos os suplementos que cometem o anacronismo de falar em livros ou em autores.
Em edição conjunta da Editora da Universidade Federal de São Carlos (SP) e da Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o brasilianista Malcolm Silverman, da Universidade de San Diego (Califórnia), está lançando ``Protesto e o Novo Romance Brasileiro" -um volume de crítica que vem se juntar a livros anteriores do mesmo autor, hoje o mais completo estudioso da literatura brasileira contemporânea. A tradução é de Carlos Araújo.
A maior qualidade do livro de Silverman é o método: isento, meticuloso, sem se prender a escolas ou grupos, passando por cima de ideologias ou comportamentos pessoais para se ater apenas ao fato que cada romance traz (ou não traz) à novelística nacional.
Só mesmo esses brasilianistas, em desempenho de pesquisas financiadas por suas universidades de origem, podem reunir e estudar tantos autores, tantos caminhos e descaminhos que formam o nosso labirinto literário.
Em obras anteriores, Silverman analisara escritores individualmente. Em ``Protesto", aborda um tema que, em linhas gerais, contaminou as obras de quase todos os autores surgidos nos últimos 30 anos. Como a seara seria vasta, ele a dividiu em escaninhos específicos: o romance jornalístico, o memorial, o da massificação, o de costumes urbanos, o intimista, o regionalista-histórico, o realista-político, a sátira política absurda e a sátira política surrealista.
Uns mais, outros menos, todos estão na lâmina desse pesquisador e crítico, que não tem interesse em defender ou atacar, promover ou sabotar nenhum escritor ou grupo. É um olhar de fora e abrangente sobre os autores nacionais. Por isso mesmo, um olhar categorizado para descobrir a nudez de cada um.

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