São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995 |
 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Idade e saúde preocupavam refugiados
DO "THE INDEPENDENT MAGAZINE" A maioria dos refugiados do regime nazista faria qualquer coisa para fugir da ocupa no começo dos anos 40. Apesar disso, alguns dos escolhidos por Fry relutavam em aceitar os planos de fuga.Os mais proeminentes entre esses eram Franz Werfel e Heinrich Mann, irmão do escritor Thomas. O pessimista Werfel provavelmente teria tido receios sobre qualquer plano, mas nesse caso específico suas dúvidas se justificavam: gordo e hipertenso, ele sofrera um ataque cardíaco dois anos antes. Mann, que tinha quase 70 anos e saúde frágil, também se preocupava, achando que não conseguiria aguentar a viagem longa e exaustiva. Fry só conseguiu convencê-los a partir quando se ofereceu a viajar com eles. Assim, às 5h de quinta-feira, 12 de setembro de 1940, um pequeno grupo se reuniu num canto da estação St. Charles. Era integrado por Varian Fry, Franz e Alma Werfel, Heinrich e Nelly Mann e seu filho, Golo. Havia também, apesar dos pedidos de Fry para que trouxessem apenas as bagagens essenciais, uma pilha de 12 malas -todas pertencentes a Alma. Às 5h30 os seis subiram no trem, acompanhados pelas malas de Alma. No final da tarde, o trem chegou à estação de Cerbère. Passaram a noite em um hotel. Alma, no dia seguinte, presenteou o grupo com uma "surpresa": ela escolhera um vestido branco para escalar a montanha em plena luz do sol. Após um café-da-manhã tenso, Fry reuniu o grupo em um cemitério antes da fuga. Lá ele explicou aos refugiados qual era o procedimento exato a seguir, e fez uma última checagem para verificar se nenhum deles usava qualquer coisa que pudesse despertar suspeitas. Enquanto Fry apagava as iniciais com seu canivete, Mann disse: "Somos obrigados a agir como criminosos". Fry supriu o grupo de cigarros americanos que seriam usados para subornar a polícia e se despediu. Depois voltou à cidade para acompanhar as malas de Alma no breve percurso de trem até Port-Bou, na Espanha. Antes do pôr-do-sol, Fry e seus protegidos já estavam reunidos outra vez. Dois dias mais tarde chegavam a Lisboa. Uma vez em Lisboa, Fry começou a entrevistar refugiados que ajudara a fugir para descobrir se haviam encontrado percalços. Texto Anterior: Fry antecipou personagem Próximo Texto: Fuga envolvia gângster e 'tubogramas' Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |