São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 1995 |
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Brasil não tem como diagnosticar infecção
PAULO SILVA PINTO
Não existe no país nenhum laboratório capaz de realizar o exame sorológico, que detecta anticorpos no sangue -eles aparecem quando a pessoa tem o vírus. O vice-presidente da Fundação Nacional de Saúde (vinculada ao Ministério da Saúde), Cláudio Amaral Júnior, acha que a falta do exame não é um problema. Segundo ele, é possível fazer o diagnóstico com os sintomas clínicos, como febre alta, calafrios, dor de cabeça e hemorragias. Esses sintomas da doença aparecem no máximo 21 dias depois que se teve contato com alguém doente (quando o vírus está incubado, sem que a pessoa tenha sintomas, ela não o transmite). Uma reunião ontem no Ministério da Saúde reuniu 15 virologistas, infectologistas e epidemiologistas para tratar exclusivamente do risco do Ébola. O encontro estava previsto para ir até 19h de ontem e deve ser concluído hoje ao meio-dia, com um documento de recomendações ao Ministério. As chances de alguém infectado chegar ao país, na avaliação dos participantes, é muito pequena. Segundo a OMS pessoas infectadas pelo vírus não estão deixando o Zaire. Mesmo assim, os participantes acham que os serviços de Vigilância Sanitária nos portos e aeroportos e os serviços de emergência médica de todo o país devem estar bem informados para diagnosticar a doença causada pelo Ébola. É necessário também que os médicos e enfermeiros estejam equipados com luvas e máscaras para não se contaminar -no Zaire são eles os primeiros a pegar o vírus, transmitido pelos fluidos do corpo do doente (saliva, suor, sangue, sêmen). Outra recomendação que surgiu na reunião é que macacos que eventualmente venham da África sejam colocados em quarentena. Os especialistas estão discutindo ainda na reunião a necessidade de se ter exames sorológicos para o Ébola disponíveis no país. Caso se opte por tê-los, vai levar várias semanas até importar os kits de testes e treinar pessoal para utilizá-los. A possibilidade de desenvolver o exame aqui (o que foi feito no caso da Aids) está descartada, segundo Cláudio Amaral Júnior. Seria necessário importar o vírus, o que traz riscos de contaminação. Texto Anterior: A AÇÃO DO VÍRUS Próximo Texto: Pernambuco se prepara contra infecções Índice |
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