São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 1995
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PMs "escondem" profissão

FREE-LANCE PARA A FOLHA

PMs ``escondem" profissão
O número de policiais militares mortos fora de serviço está crescendo desde janeiro, quando foram registrados cinco assassinados. Em fevereiro, foram seis, em março, 12, e em abril, 15.
Temerosos de serem identificados por criminosos, os PMs evitam contar a vizinhos sua profissão. Em dias de folga, não levam a carteira de policial e muitos preferem andar desarmados.
A Folha contactou policiais lotados em diversos batalhões. Eles pediram para não ser identificados.
Eles afirmam que deixam a carteira funcional e a farda nos batalhões onde são lotados, porque muitas vezes podem ser abordados por criminosos, no trajeto até o trabalho ou na volta para casa.
Também para evitar a identificação nas ruas, nem todos os policiais do Estado mantêm cortes de cabelos no padrão militar (bem curtos), aproveitando um relaxamento informal nas regras do comando da corporação.
Cabos e soldados afirmam temer represálias de criminosos contra suas famílias. A estatística da corporação também indica que, de janeiro a abril deste ano, outros 83 policiais foram feridos fora de serviço, a maioria a tiros.
Nem todos os policiais mortos este ano foram assassinados durante assaltos ou em situações que os fizeram de vítimas. Alguns deles teriam sido mortos por vingança pessoal.
Neste caso, estariam três policiais mortos em 22 de abril passado, na avenida Brasil. A polícia tem informações de que eles estavam tentando extorquir dinheiro de traficantes.
Cabo
O cabo Gilson Cunha do Carmo, 46, foi morto a tiros anteontem à noite em um bar na rua Manoel João Gonçalves, no Centro de Alcântara, distrito de São Gonçalo (região metropolitana do Rio).
O cabo era lotado no 12º Batalhão da PM, em Niterói. Ele morava em Alcântara e estava de folga.
Segundo testemunhas, o policial teria sido morto por um homem que o acompanhava no bar, identificado apenas como Paulinho X-9 (X-9 é como são chamados os informantes da polícia).

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