São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 1995
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Melancolia de Baggio pode significar adeus

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A TURIM

Meus amigos, meus inimigos, se o Milan, quarto colocado no Campeonato Italiano, vencer amanhã o campeão holandês Ajax, de Amsterdã, pela Copa dos Campeões da Europa, a festa do futebol da Bota será completa.
Ou seja, os três mais importantes times da atualidade na Itália, a Juventus, de Turim, o Parma, de Parma, e o Milan, de Milão, contentarão sobejamente as suas respectivas torcidas.
(Falo nos três porque a Inter, de Milão, que ganhou a Copa da Uefa no ano passado, não conseguiu se acertar nesta temporada de 1994/95).
Três grandes títulos democraticamente divididos entre três cidades diferentes, alegrando três grandes torcidas. Caso isto se realize, o futebol italiano dará uma imensa demonstração de força.
Agora, tudo isto depende só de uma ``coisinha": do Ajax aceitar este cenário.

Com a decisão da Justiça italiana em processar o presidente do Milan, Silvio Berlusconi, o time partiu de cabeça baixa para Viena. Na terra do Freud, Capello terá que trabalhar bem a alma do time.
Por falar em Berlusconi, o pensador Noberto Bobbio, na Feira do Livro de Turim, insinuou que a sua personalidade é parecida com a de... Benito Mussolini.

Um jogador tinha um sorriso triste nas comemorações do título da Juve, no domingo, aos pés dos Alpes italianos.
Roberto Baggio. A imprensa foi unânime em destacar a sua quase melancolia diante do ``scudetto" que fazia falta a sua carreira de muita fama e pouco troféu.
Toda a mídia italiana está interpretando os olhos tristes de Baggio como um sinal de adeus às cores alvinegras.

Adivinhe qual é o maior salário do time campeão da Vecchia Signora? O do Robybaggio? Negativo. O do Vialli.

A direção da Juventus não anuncia nenhuma contratação grandiosa, como a feita pelo rival Milan (contratou o Weah).
Os Agnelli, donos do time, dizem que adotarão o modelo do Super-Ajax, como está sendo chamado na Europa o time holandês: investimento maior nos jogadores criados dentro de casa.
São Paulo e Guarani fazem escola.

Pegou mal novamente a segunda tentavia do Vaticano em condenar o futebol aos domingos na Itália.
Com este marketing, os católicos não irão muito longe mesmo...

Antes do jogo de domingo, no Delle Alpi, o locutor do estádio avisou à torcida que qualquer violência maior poderia implicar em perda de pontos para a Juve.
Sábia recomendação.

O estádio Delle Alpi é uma bela construção por fora, mas péssimo para se ver o jogo. Esta é a conclusão do taxista que levava o Rogério Fasano e eu ao jogo.
Ele arrematou: quando eu quero ver belas construções eu vou à praça de San Carlo, não a um campo de futebol.
A Itália é uma alegria.

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