São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995 |
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Bancos apertam o cerco nos empréstimos
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA; NELSON BLECHER
O diretor da comissão de operações bancárias da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), Leocádio Geraldo Rocha, diz que, depois do episódio da Casa Centro, os bancos ``passaram a ter uma cautela maior com as informações cadastrais". Os empréstimos de grande volume só serão concedidos com ``balancetes mensais auditados, o que permite identificar a real situação de endividamento". ``Como boa parte das grandes empresas não precisa ter balanços auditados há sempre o risco de ocorrer algo semelhante à Casa Centro", diz Silmar Palumbo, diretor da consultoria Trevisan e Associados. A prática consiste no aval de um profissional independente à correção das informações contábeis estampadas no balanço. O rigor dos bancos será maior em relação aos clientes tradicionais, de acordo com Otto Steiner Jr., também diretor da Febraban. ``Devido à confiança estabelecida com o tempo, a tendência é perder a cautela e não se atualizar, por exemplo, dados sobre participação societária ou novos investimentos", afirma Steiner. Em consequência da elevação dos juros, o processo de deterioração das empresas, segundo Steiner, tornou-se muito rápido. ``Mesmo empresas lucrativas, como a Casa Centro, vão para o brejo em quatro meses por causa do crescimento de sua dívida", diz. Como a inadimplência se inicia no comércio, passa para a indústria e o ``mico" fica com o banco, agora as instituições, segundo ele, querem ``inverter o caminho". A Folha apurou ainda que os bancos passaram a cobrar pelos empréstimos. Antes, os créditos eram renovados com maior facilidade. Agora, no vencimento, os bancos exigem o pagamento dos juros, da amortização e negociam o pagamento de 10% a 35% do principal. A medida pode provocar aumento do percentual da inadimplência -já que os créditos estão sendo cobrados-, mas o objetivo é diminuir a exposição dos bancos ao risco. Segundo ele, a inadimplência não ocorre porque as pessoas ou empresas não possam pagar. ```Há descompasso entre a disponibilidade de recursos e os prazos de pagamentos, que foram encurtados pelo governo". Atentos ao problema, os bancos adotam medidas para compatibilizar os prazos com a capacidade de pagamento. Para o diretor da Febraban, houve uma ``bolha" de consumo no primeiro trimestre, que gerou a onda de inadimplência em abril. ``Mas, nesta primeira quinzena de maio contra a última semana de abril, o volume de atrasos caiu de 20% a 25% dependendo da instituição." Os empréstimos para a Casa Centro, porém, já são considerados pelos bancos, segundo a Folha apurou, como prejuízo certo. Texto Anterior: Cavallo negocia novo empréstimo Próximo Texto: Instituições exigem garantias do varejo Índice |
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