São Paulo, sábado, 27 de maio de 1995
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Boy George teme homens bonitos do Brasil

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

Boy George vai festejar seus 34 anos no Brasil, no próximo dia 14, satisfeito com as recentes mudanças que adotou em sua música e sua vida particular.
Longe das drogas, o cantor lançou recentemente na Europa o disco ``Cheapness and Beauty", o trabalho mais próximo às raízes do rock que ele já fez.
Sobre o Brasil, George disse, em entrevista à Folha, em Londres, que deve ser um país perigoso e com homens muito bonitos.

Folha - Você não gosta de considerar a gravação de seu disco como uma volta aos anos 80, mas artistas como Adam Ant e Human League também têm novos discos. Existe um ``revival" daquela época?
Boy George - Não me surpreende que Adam Ant tenha lançado um disco novo. Ele é um músico. Eu não estou de nenhuma forma repudiando o que eu fiz com o Culture Club. Mas eu tenho progredido musicalmente.
Culture Club foi uma experiência maravilhosa para mim, mas vamos seguir em frente.
Folha - Além do estilo de música, mais rock e menos dançante, que outras diferenças você apontaria neste seu novo álbum?
George - O disco tem um som punk/rock tradicional, mas as letras não são letras tradicionais de rock. Eu discuto questões gays e tento falar de amor de uma forma diferente.
Folha - Parece que você é hoje uma pessoa completamente diferente. Dez, 12 anos atrás, suas canções refletiam uma pessoa mais deprimida. Você diria que hoje é mais seguro em relação aos seus sentimentos?
George - Eu estou mais consciente dos meus sentimentos. Isso não quer dizer que eu não seja emotivo, porque eu sou, mas eu apenas não estou mais fazendo o papel de vítima.
Folha - Por isso você se vestia como mulher?
George - Eu ainda me visto como mulher. Na minha vida particular, na cama, com o meu namorado, eu faço isso quando eu sinto vontade. Não faço como uma obrigação. Isso sempre foi uma extensão de quem eu sou. Quando eu estava no Culture Club, eu fiquei preso àquela imagem. Agora, eu me sinto menos neurótico.
Folha - Você e o Culture Club fazem parte da geração de músicos britânicos mais bem-sucedida no mercado norte-americano. Na sua opinião, por que hoje a música britânica não tem o mesmo apelo nos EUA?
George - Eu acho que você está errado. Acho que o sucesso chega em ondas à América. Portishead está se tornando muito popular lá. Haverá uma nova onda de música britânica nos EUA.
Folha - Você solucionou seu problema com as drogas?
George - O que você acha? Como eu aparento? (risos) Eu apenas bebo cerveja ou um copo de vinho. Eu nunca fiz nada criativo quando tomava drogas, nunca fiz música quando me drogava. Mas a resposta para sua pergunta é ``sim".
Folha - Você vai continuar com sua experiência como DJ?
George - Sim. Eu sempre estive envolvido na cena club neste país, é de onde eu vim, é como a minha casa. Eu gosto de pessoas, de estar cercado. Minha idéia de inferno seria ser Michael Jackson, ficar trancado.
Folha - Como serão seus shows no Brasil? Eles terão canções antigas do Culture Club?
George - Eu sempre canto algumas músicas antigas, coisas do Culture Club como ``Do You Really Want to Hurt Me?", talvez ``Karma Chameleon".
Folha - Que expectativa você tem sobre cantar no Brasil?
George - Eu não tenho muitas expectativas. Parte da diversão em viajar é não saber o que esperar. Eu tenho certeza de que eu vou ver alguns homens lindos (risos).

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