São Paulo, sábado, 27 de maio de 1995
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China afasta de Pequim reunião de ONGs

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A Conferência Internacional da Mulher, organizada pela ONU e prevista para Pequim no mês de setembro, já se torna palco de uma disputa entre a China e grupos feministas.
Estes ainda evitam falar em boicote, mas pressionam para que o governo chinês mude o local de uma reunião marcada para a periferia de Pequim.
O governo chinês decidiu no mês passado realizar o encontro de organizações não-governamentais (ONGs), uma espécie de coadjuvante da Conferência Internacional, na região de Huairou, 50 km a norte do centro de Pequim.
Assim, a conferência e o encontro ficam separados por uma viagem de mais de uma hora de carro.
A China se assustou quando fez as contas para o encontro: mais de 1.300 organizações e 30 mil mulheres em Pequim.
Um exército numeroso para encher manifestações de rua pró-direitos humanos ou críticas ao controle da natalidade aplicada pelo governo chinês.
O encontro das ONGs, antes previsto para um estádio no centro de Pequim, acontece entre 30 de agosto e 8 de setembro. A conferência, com delegações oficiais, se realiza entre 4 e 11 de setembro.
A China afirma que a mudança de local se deve a ``questões de segurança para os convidados", pois o Estádio dos Trabalhadores teria ``problemas estruturais".
O secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, pediu a grupos feministas que evitem ``ações" como protestos e boicotes, enquanto tenta convencer a China a reconsiderar sua decisão.
A conferência e o encontro vão debater a condição da mulher no mundo, aborto, liberdades individuais, temas que devem estimular a discussão de pontos sensíveis para o regime chinês.
A China enfrenta saraivadas de críticas a sua política ``um casal, um filho", destinada a frear o crescimento da população: 1,2 bilhão de habitantes.
A pressão dos grupos feministas também despenca num momento delicado. O governo chinês teme manifestações no sexto aniversário do massacre da praça Tiananmen (praça da Paz Celestial).
A 4 de junho de 1989, tropas do governo dispararam contra manifestantes. O Partido Comunista admite pelo menos 200 mortes, mas estimativas falam em até 1.000.

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