São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995
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IPC-r até junho poderá ser garantido a todos

GILBERTO DIMENSTEIN; VALDO CRUZ

Diretor da Sucursal de Brasília; Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
Os salários serão corrigidos pelo IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em real) acumulado até junho de 95 na data-base de cada categoria profissional.
Já o repasse da inflação a partir de julho terá de ser negociado livremente entre patrões e trabalhadores. Esta é a última versão da política salarial em elaboração pela equipe econômica.
Ela está sendo chamada de ``política salarial híbrida" pelo governo, por misturar, numa primeira etapa, reajuste automático da inflação até junho e livre negociação a partir de julho.
Exemplo: uma categoria com data-base em janeiro de 96 teria garantido por lei, no primeiro mês do próximo ano, o reajuste dos salários pelo IPC-r de janeiro a junho de 95.
Mas a fórmula de repasse da inflação registrada entre julho e dezembro aos salários teria de ser negociada livremente entre patrões e empregados.
Pelas previsões do ministro da Fazenda, Pedro Malan, a inflação medida pelo IPC-r no primeiro semestre de 95 deve ficar na faixa dos 11%. Até o mês de maio ela está em 8,86%.
Depois que todas as categorias tivessem o repasse do IPC-r acumulado até junho, passaria a valer somente a livre negociação salarial nas datas-bases seguintes. Data-base é o período definido em lei para negociação salarial.
A proposta da política salarial híbrida conta com a simpatia de todos os ministros envolvidos na discussão, mas ainda não foi apresentada ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
A equipe econômica avalia que ela deve ter apoio no Congresso, porque garantiria o repasse de toda a inflação registrada no primeiro ano do Plano Real. A livre negociação começaria no segundo ano do plano econômico elaborado por FHC.

Outras propostas
Outras propostas estão em discussão dentro do governo, como o reajuste dos salários por metade da inflação passada e metade da inflação futura, que funcionaria como uma política de transição.
Mas ela está sendo bombardeada por setores da equipe econômica, como o Banco Central e o Ministério do Planejamento.
Técnicos do BC e do Planejamento entendem que, se as expectativas de inflação futura do governo não se confirmarem, o Plano Real começaria a perder credibilidade.

Data final
A equipe econômica já estabeleceu 15 de junho como a data final para que a proposta de desindexação da economia esteja fechada. Ela deve ser baixada por meio de medida provisória, provavelmente na reedição da MP do Plano Real.
O governo já definiu que o reajuste anual será mantido. A atual política salarial, que garante o repasse integral do IPC-r acumulado no período de 12 meses anterior à data-base, acaba em julho.
Pela lei 8.880/94, o IPC-r é garantido apenas na primeira data-base após o Real. Se nada for proposto, a data-base de agosto próximo, por exemplo, já terá livre negociação. Mas desde agosto de 94 o IPC-r está em 25%.

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