São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995
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Comércio prevê demissão com a queda das vendas

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A retração das vendas do comércio, principalmente depois do Dia das Mães, deve levar à demissão de 10% dos funcionários das micro e pequenas lojas. A estimativa é da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas.
``Entre abril e junho, o setor vai demitir 1,5 milhão dos seus 15 milhões de trabalhadores", afirmou ontem Gerson Gabrielli, presidente da confederação que reúne 3,5 milhões de lojistas.
Ele disse que já foram demitidos, desde abril, 700 mil empregados do comércio em todo o Brasil, consequência direta da queda de vendas, que varia entre 10% e 30% em maio, segundo a confederação, e da falta de crédito.
Para minimizar as quedas das vendas, Gabrielli sugere que o governo volte a permitir que bancos financiem o cheque pré-datado.
Segundo ele, devido à falta de crédito, o varejo está repassando os pré-datados recebidos para seus fornecedores. ``Estamos passando o cheque para nossos fornecedores e arcando com o prejuízo nos casos de inadimplência", afirma.
Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo, diz que os lojistas estão reduzindo o prazo do pré-datado. Os prazos de 60 e 90 dias passaram, respectivamente para 30 e 45 dias.
Para a ACSP, as vendas de maio devem ficar 20% acima do registrado no mesmo mês de 94. ``Mas há diversos sinais de desaquecimento das vendas", afirma.
Um exemplo, diz Soliemo, é que o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito, que mede as vendas a prazo) registra média diária de 30.582 consultas em maio até o dia 29, contra as 30.691 consultas do mesmo período de abril.
``Mas o normal é a média de consultas em maio superar em 10% a de abril", diz Solimeo.
A segunda quinzena do mês teve queda de 12% nas vendas a prazo na comparação com os primeiros 15 dias de maio.
Até a segunda-feira passada, o SPC, com 733.972 consultas, acumula alta de 32,8% em relação a maio de 94 e o Telecheque (que mede as vendas à vista) estava com alta de 9,7% no mesmo período, com 761.510 consultas contra as 694.493 de maio de 94.
Outro exemplo de desaceleração, diz Gabrielli, é que as encomendas às indústrias tiveram queda de 30% no mês.
Para ele, se forem mantidas as medidas de restrição ao consumo e as atuais taxas de juros, junho e julho serão marcados por explosão nos pedidos de falência.

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