São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995
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Papa pede reunificação de católicos

DO "THE INDEPENDENT" COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Encíclica ``Ut unum sint", divulgada ontem, propõe união de católicos romanos a ortodoxos
O papa João Paulo 2º publicou ontem nova encíclica, ``Ut unum sint" (``Que sejam apenas uma", em latim), em que pede a unificação de todas as igrejas cristãs.
O apelo é dirigido especialmente aos católicos ortodoxos, separados da Igreja de Roma desde 1054.
A Igreja Católica Apostólica Romana, chefiada pelo papa, ainda reconhece os sacramentos (ações religiosas) dos ortodoxos.
A encíclica sai um mês antes da visita a Roma do patriarca ortodoxo Bartolomeu 1º. Cada região ortodoxa tem o seu patriarca, mas Bartolomeu é chamado de ``patriarca ecumênico".
João Paulo 2º, 75, quer negociar uma fórmula para que os líderes de outras igrejas aceitem sua autoridade como figura máxima do cristianismo. ``O papa vê a primazia católica como um ponto essencial de fé, mas a forma como é exercida é uma questão a ser discutida", diz o cardeal Edward Cassidy, negociador do Vaticano sobre a unidade da Igreja.
O principal ponto que aproxima a Igreja Católica Romana da Igreja Católica Ortodoxa é a oposição à ordenação de mulheres.
Já na Igreja Protestante -originalmente uma dissidência dos católicos, cada vez mais distanciada- não houve resistência, nos últimos anos, a que mulheres se tornassem sacerdotisas.
Apesar da aproximação, as relações entre Igreja Ortodoxa (influente no Leste Europeu e na Grécia) e Igreja Católica Romana pioraram com o fim do comunismo.
A questão da Bósnia é um outro fator de discórdia. Na região, croatas (católicos na maioria) lutam contra sérvios (ortodoxos), além dos muçulmanos bósnios.
A encíclica ``Ut unum sint" arrola argumentos para mostrar a convergência de opiniões das duas religiões. Diz, por exemplo, que disputas teológicas sobre a natureza divina ou humana de Jesus Cristo, iniciadas no século 5º, foram resolvidas nos últimos anos.
Esta é a 12ª encíclica de João Paulo 2º em 17 anos de pontificado. Tem 11 páginas e foi vertida para o russo, o georgiano e o grego, línguas usadas majoritariamente por ortodoxos.
A encíclica é considerada uma ``continuação" do Concílio Vaticano 2º, realizado há 30 anos, em que bispos de todo o mundo consideraram que a Igreja Católica deveria lutar pelo ecumenismo.
Encíclicas são documentos que o papa envia a todos os bispos para informar os fiéis sobre seu pensamento a respeito de algum ponto dos dogmas, da moral ou da disciplina eclesiástica.

Com agências internacionais

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