São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995
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Sérvios aprisionam capitão brasileiro

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

O Exército sérvio na Bósnia passou a considerar o capitão brasileiro João Batista Bezerra Leonel Filho, 33, um prisioneiro de guerra, juntamente com outros oito observadores militares que estavam em Balzuj (próximo a Sarajevo).
Isso significa que o capitão só será solto mediante negociações entre os países da Otan (a aliança militar do Ocidente) e os sérvios.
Até anteontem, o capitão Leonel era considerado apenas refém, por estar em uma área isolada.
A informação chegou por fax ontem de manhã à missão brasileira junto à ONU, enviado pelo comandante dos observadores militares na ex-Iugoslávia, o general brasileiro Newton Bonumá dos Santos. O capitão Leonel Filho é observador militar na Bósnia e foi detido por sérvios no sábado.
O outro capitão do Exército detido pelos sérvios desde a semana passada, Harley Alves, foi escoltado até o alojamento em Grbavica para apanhar seus objetos pessoais, segundo outro fax enviado ontem por Bonumá ao embaixador do Brasil junto à ONU, Celso Amorim.
Segundo ele, Alves está bem, mas não pôde falar com outros observadores. ``O tratamento que os sérvios estão dando aos reféns indica que está havendo um recuo de uma atitude mais agressiva, mas isso não nos tranquiliza de maneira alguma", afirmou Amorim.
Segundo informações que o embaixador obteve com o general Bonumá, a partir de ontem foi cortada a comunicação por rádio que havia entre os observadores capturados e a base do comando dos observadores militares em Zagreb, capital da Croácia.
``Do ponto de vista militar, existe um aumento de responsabilidade dos sérvios em garantir condições mínimas para os prisioneiros", afirmou Amorim.
Ele disse que, ao determinar que reféns são prisioneiros de guerra, os sérvios estão assumindo responsabilidade sobre eles.
``Não é uma ação de comando isolado e os prisioneiros não podem ser molestados."
Outros quatro observadores brasileiros estão em Sarajevo: os capitães João Chalella Jr., Flávio Marcus Lancacia Barbosa, Francisco Djalma Cesse da Silva e o major José Antonio Vazquez.
Segundo Amorim, eles não correm risco porque estão com as tropas da ONU.

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