São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995
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Citações; Eletricitários; Currículo; Brioches; Vital Brasil; Déficit; Contra o fumo; Contra a bebida; Demissões em São Paulo

Citações
``Cumprimento a Folha pelo destaque que deu à ciência na reportagem `Quem é a elite científica brasileira'. Faço um reparo. Fui alertado por um colega que teve acesso à compilação atual dos dados, feita a partir do banco original do ISI (Institute for Scientific Information), de que um de meus trabalhos mais citados consta nesta compilação com citação zero. Recebi a listagem e constatei que o trabalho `S. Verjovski-Allmeida and J. Silva, Journal of Biological Chemistry (JBC) 256:2940-2944, 1981' consta da compilação e está dentro dos critérios da Folha, mas aparece com citação zero de 81 a 93. Esse mesmo trabalho já constava da pesquisa de L. Fonseca sobre o impacto dos bioquímicos brasileiros, publicada em `Ciência e Cultura 44:172-177, 1992', em que aparece como o nono entre os dez trabalhos brasileiros de bioquímica mais citados entre 83 e 87. Segundo o ISI, esse meu trabalho já havia recebido 46 citações entre 83 e 87. A compilação atual, indicando citação zero, está errada. Os meus outros trabalhos de 81 a 93 receberam 196 citações, que, somadas a no mínimo 46 desse trabalho do JBC, dariam 242, o que me colocaria na lista da Folha. Como essa lista, agora tornada pública, poderá ser eventualmente usada como referência para a avaliação do pesquisador em diversas outras situações, considero importante o reparo do erro."
Sergio Verjovski-Almeida, professor titular do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Os dados publicados correspondem à base de dados do ISI disponível no Brasil para citações entre 1981 e 1993.

Eletricitários
``Numa época em que os trabalhadores deveriam estar unidos, vemos um dirigente sindical, o sr. Paulo Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e diretor da Força Sindical, fazer um discurso patronal, chamando os eletricitários de `um bando de vagabundos' (Folha, 2/5). O interessante é que esse indivíduo há algum tempo abriu mão de um gatilho salarial que beneficiaria os metalúrgicos para agradar não sabemos a quem. Há greves, movidas pelo desespero, em andamento no país. Lembramos com saudade figuras da luta sindical como Antonio Chamorro, que lutou pela criação do Dieese e contribuiu para a criação do abono de Natal, o nosso 13º salário, e o advogado trabalhista Rio Branco Paranhos, que também se destacou na luta pelo trabalhador. Esses corajosos homens são a inspiração para que não entreguemos nossas conquistas sem lutar aguerridamente. Já se foi a época das ditaduras, época que cobriu de vergonha este país e na qual não podíamos nos expressar livremente, lamentável época em que os jornalistas trabalhavam com censura presente nas redações. Os eletricitários são trabalhadores, gente que se dedica com valor ao trabalho e que exige ser tratada com dignidade e respeito."
Maria José O'Neill, jornalista (São Paulo, SP)

Currículo
``Não poderia imaginar a Folha estampando mensagens como a do título da reportagem do caderno Empregos de 21/5, `Mentir em currículo às vezes dá certo'. Do ponto de vista ético, parece temeroso `sugerir' `estratégias para se driblar processos rigorosos de seleção', ainda mais quando cita exemplos tidos como de `sucesso'. Mas, entre crer num deslize do editor e imaginar uma apologia à mentira, prefiro ficar com a primeira hipótese."
Cláudio Minetto (Campinas, SP)

Brioches
``Como todo jornalista, em `O pão e o brioche' (Folha, 27/5), Cony foi tendencioso. Li e reli diversas vezes a coluna de sábado. Parecia um espelho, eu me via em cada parágrafo, e a visão de mim próprio fez com que acreditasse na imprensa livre. Parabéns Cony. Continue tendencioso. O maior patrimônio do Brasil agradece!"
Carlos Eduardo Carvalho (São Vicente, SP)

Vital Brasil
``É com tristeza que tomamos conhecimento da pretensão de fechamento do Hospital Vital Brasil. O Instituto Butantan -a mais famosa instituição do mundo especializada em animais peçonhentos, produção de soros e vacinas, com 85 anos de existência- é desvirtuado nas suas finalidades. É realmente lamentável que o Instituto Butantan desative o Hospital Vital Brasil, único hospital no mundo especializado no tratamento de picados e que ditou a conduta terapêutica de picados também para o mundo todo. O tratamento de picados é um capítulo da toxicologia e deve ter conduta adequada, considerando-se ainda que nas escolas médicas esse assunto geralmente não é abordado. Os trabalhos de pesquisa sobre o assunto, repercutindo internacionalmente, devem-se ao estudo harmônico dos diferentes especialistas em animais peçonhentos. Evidentemente não se deve pensar no custo da recuperação de um paciente, mas nos resultados da investigação científica que decorrem desse estudo. Essa foi a filosofia do fundador do Instituto Butantan, dr. Vital Brasil, e do primeiro diretor do Hospital Vital Brasil, dr. Gastão Rosenfeld, que tanto contribuíram no campo do ofidismo. Este ano o Hospital Vital completa 50 anos de contribuição científica, e, como prêmio, pretendem fechá-lo."
Bruno Soerensen, ex-diretor-geral do Instituto Butantan (Marília, SP)

Déficit
``Faz meses que a balança comercial brasileira vem fechando em déficit. Este mês o governo sai com a justificativa que a culpa é da greve dos petroleiros. Perguntar não ofende: qual será justificativa para o mês de junho?"
Marilu André (São Paulo, SP)

Contra o fumo
``Hoje é o Dia Mundial Contra o Fumo. No Brasil, 80 mil morrem por ano por causa do cigarro (5% de todas as mortes). Infelizmente, o grande poder econômico da indústria do fumo não permite um combate ao fumo, que deveria ser considerado como uma das mais perigosas drogas. Vamos levantar a terrível mensagem da Organização Mundial da Saúde: `Fumo ou saúde, a escolha é sua'."
Mário Negreiros dos Anjos, da Associação Médica Fluminense (Niterói, RJ)

Contra a bebida
```Propaganda de bebidas pode ser suspensa' (30/5). Uma boa idéia. Uma verdadeira boa idéia."
Tarcisa A. Marques Porto Uliano (Barueri, SP)

Demissões em São Paulo
``A recente lei de demissões voluntárias do funcionalismo público de São Paulo é no mínimo ridícula. Imagine o leitor, oferecer o governo meio salário por ano de exercício, a quem se dispuser a abandonar o funcionalismo, com um máximo de dez anos. O único a usufruir dessa `idiotice normativa' será, com certeza, o professor da rede pública, uma vez que já o está fazendo sem qualquer indenização, face ao profundo interesse do governador Mário Covas pela educação. Com essas e outras, Covas, em pouco tempo, reabilitará Quércia e Fleury."
Luiz Gonzaga Oliveira Pinto (São Paulo, SP)

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