São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Comissão aprova quebra de sigilo bancário do cantor Lulu Santos

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Foi aprovada ontem a quebra do sigilo bancário do cantor e compositor Lulu Santos, de sua mulher Scarlet Moon e de sua empresa Spell na Comissão Parlamentar de Inquérito que a apura uma série de irregularidades no Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição).
O Ecad é uma entidade privada que cobra de rádios, TVs e shows os direitos autorais de músicas executadas, para distribuí-los aos cantores e compositores.
Os deputados querem saber quanto Lulu Santos recebeu do sistema. Ele havia prestado depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito no último dia 23.
O deputado Chico Vigilante (PT-DF), autor do pedido de quebra de sigilo bancário de Lulu Santos, quer saber exatamente quanto o cantor recebeu do Ecad.
``Há contradições. Ele disse que recebe R$ 11 mil por mês, sua mulher declarou em entrevista que ele recebe R$ 1 mil. Os papéis do Ecad mostram R$ 35 mil por um período de mais de um mês", afirmou o deputado Vigilante.
O deputado Eraldo Trindade (PPR-AP) entregou ontem à CPI pedido de quebra de sigilo bancário de sociedades que administram direitos autorais de músicos.
Ele quer ver os extratos bancários de Ubaldo Magioni, presidente da Fadembra (entidade arrecadadora de direitos autorais filiada ao Ecad); Jorge Costa, diretor-administrativo da Socimpro (outra entidade arrecadadora), e Luiz Rattes Filho, presidente da mesma Socimpro.
O deputado Celso Russomano (PSDB-SP) quer a quebra de sigilo bancário de fiscais do Ecad.
Zezé di Camargo
Prestou depoimento ontem na Comissão Parlamentar de Inquérito o cantor e compositor Zezé di Camargo. Ao chegar, Camargo distribuiu autógrafos para funcionários da Câmara que se aglomeravam à sua espera.
No depoimento, Camargo afirmou que há vários indícios de corrupção no Ecad.
Camargo disse não entender porque recebe menos em direitos autorais que Lulu Santos e outros compositores que têm músicas menos executadas.
``Ele (Lulu) é fichinha perto de nós (Zezé di Camargo canta com seu irmão, Luciano)", afirmou.
Ainda no depoimento, Camargo disse que o Ecad não desvia o dinheiro dos artistas que ``agradam as elites" por temer a repercussão negativa que isso causaria.
As vítimas do Ecad, segundo Camargo, são artistas ``populares", como ele. Roberto Carlos, de acordo com os números do Ecad, recebe menos que Lulu Santos.
Devem prestar depoimento à CPI que apura irregularidades no Ecad os músicos Gilberto Gil e Xitãozinho.

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