São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Vírus mata militar em treinamento no Amazonas

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Piorou o estado de saúde de um dos três oficiais do Exército que podem ter sido contagiados com vírus causadores de febre hemorrágica em um treinamento de guerra e sobrevivência na selva a 60 km de Manaus (AM).
O tenente Genaro Machado Berkenkamp, que estava com insuficiência respiratória, passou a respirar por aparelhos ontem. Na segunda-feira, o tenente Alberto José da Silva Guimarães morreu no Hospital Militar de Manaus.
Berkenkamp, Guimarães e o aspirante Marcos Vinícus Soares Guimarães participavam de um curso dado pelo CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva) do Comando Militar da Amazônia.
Berkenkamp, que está na UTI, e o aspirante foram transferidos de avião na terça de Manaus para o Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. O aspirante está em observação em uma enfermaria.
Segundo o diretor médico do Emílio Ribas, Vasco Pedroso de Lima, os dois estão em isolamento. Isso quer dizer que os médicos e enfermeiros só podem entrar em contato com os militares protegidos por luvas e máscaras.
Os médicos ainda não identificaram o tipo de vírus que atacou os militares. Três são os principais suspeitos: o Arenavírus, o Hantavírus e o Arbovírus (leia texto ao lado). Os dois primeiros podem causar febre hemorrágica semelhante à do vírus Ébola, que está provocando pânico no Zaire.
Com a piora do estado de saúde de Berkenkamp, os médicos passaram a dar um medicamento específico contra o Arenavírus e o Hantavírus: o Ribavirin.
Esse medicamento seria eficaz para o combate ao Arenavírus, mas também pode ser eficaz contra o Hantavírus, caso seja dado ao paciente no início da doença.
``Os três militares podem ter sido atacados pelo mesmo vírus, que provocou sintomas diferentes, ou terem sido contagiados por vírus diferentes", afirmou o médico.
Lima disse que existem casos de pessoas que sobreviveram a esses vírus. ``Nenhum desses três vírus é 100% letal.", afirmou.
Os médicos esperam o resultado dos exames do tenente que morreu para saber qual vírus atacou os militares. As análises estão sendo feitas em Manaus e no Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA). A possibilidade de ser o Ébola é descartada por Lima. ``Não há caso registrado no Brasil."
Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército, esta foi a primeira vez que militares em treinamento no CIGS foram vítimas de contágio virótico.

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