São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995 |
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Dique transborda e mata 4 na Bahia
LUIZ FRANCISCO
O acidente aconteceu dois dias depois de 40 casas serem soterradas devido às chuvas em São Gonçalo do Retiro, também na periferia da cidade. Até o início da noite de ontem o número de mortos chegava a 30 (leia texto ao lado). Em São Caetano, três crianças morreram afogadas e a outra a caminho do hospital Ernesto Simões. O transbordamento destruiu completamente 11 casas e outras quatro foram parcialmente atingidas. O presidente da Associação de Moradores de São Caetano, Justino Guimarães Filho, disse que a construção irregular de uma loja provocou o transbordamento. A loja impedia o escoamento natural das águas. Com as chuvas que atingem Salvador há duas semanas, o volume de água subiu cerca de dois metros e arrastou as casas construídas às margens. Os proprietários da loja teriam desaparecido após o desmoronamento. ``Nós vamos quebrar tudo se eles não aparecerem nas próximas horas", disse a dona-de-casa Maria Domingues, que perdeu o filho, Rodrigo, afogado. ``As pessoas que sabiam nadar conseguiram se salvar com facilidade", disse Justino Guimarães Filho. O presidente da Associação de Moradores de São Caetano afirmou ainda que a prefeitura tinha sido notificada sobre a construção irregular da loja. ``Além da notificação, nós enviamos um abaixo-assinado pedindo providências, mas ninguém deu importância à nossa solicitação." A Agência Folha entrou em contato com a Codesal (Coordenadoria de Defesa Civil de Salvador) para saber se o órgão tinha recebido a notificação dos moradores de São Caetano. Até o final da tarde, os técnicos da Codesal ainda não haviam retornado a ligação. Outras 50 casas próximas ao local que aconteceu o transbordamento foram condenadas pelos técnicos da Defesa Civil. A dona-de-casa Ivanildes Sacramento disse que antes de a loja ser construída os moradores da rua Beira Dique (local do transbordamento) nunca tiveram problemas com as chuvas. ``Nossa revolta é muito grande e não sei o que pode acontecer com os donos da loja." Os proprietários da loja foram identificados apenas como Augusto e Santos pelos moradores do local. Até ontem à tarde o IML (Instituto Médico Legal) ainda não tinha identificado o nome completo das crianças que morreram. Segundo os moradores, morreram afogados Rodrigo, de 4 anos, Karina, de 7 meses e Melquizedeque dos Santos, de 1 ano e 7 meses. Taís, de 8 meses, morreu quando ao ir para o hospital. Texto Anterior: Ex-escrava de 124 anos visita Basílica Nacional; O NÚMERO; Inquérito vai apurar retirada de órgãos; Barqueata comemora Dia do Meio Ambiente; QUINA Próximo Texto: Equipe busca 30 soterrados Índice |
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