São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995 |
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Desindexação Não é possível querer ao mesmo tempo acabar com a inflação e dela também proteger-se por meio da indexação. Se todos quiserem ``corrigir" mensalmente preços e salários, cada um pode ter a ilusão de que a inflação não o atingirá. O que ocorre no entanto é que a elevação de preços se generaliza, desorganiza a economia e prejudica a quase todos. Prosseguir na desindexação é uma iniciativa fundamental para consolidar a estabilidade. O governo está propondo que seja reposta na próxima data-base de cada categoria a inflação acumulada até junho e que, quanto aos meses seguintes e outras eventuais demandas, institua-se a livre negociação. É uma proposta coerente com a meta de pôr um fim aos ciclos inflacionários. A correção automática dos salários pelo IPC-r, instituída no lançamento do Plano Real, foi uma forma de evitar que os trabalhadores fossem prejudicados na transição entre uma moeda e outra. Cumpriu sua função. Mas, se fosse prolongada, ela serviria de base à retomada da espiral de preços. Todas as formas de correção automática de preços, contratos, tarifas ou salários engessam a economia e, como se sabe, impedem seu bom desempenho. A história do país já demonstrou que a indexação dos salários acaba sancionando os aumentos de preços. E, na corrida entre os dois, o assalariado fica sempre atrás. Ao estabelecer a livre negociação, permanece aberta a possibilidade de que os trabalhadores negociem seus salários segundo a situação de cada empresa e setor. A estabilização é certamente a prioridade maior da política econômica. A cultura inflacionária e os mecanismos de vinculação dos preços e salários à inflação passada são amarras que tiram a agilidade do sistema produtivo e acabam sempre por prejudicar o assalariado. Texto Anterior: O futuro, agora Próximo Texto: Transplante urgente Índice |
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