São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

`Aumentar salário não basta', diz secretário

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário municipal da Saúde, Getúlio Hanashiro, diz que ``a simples injeção de dinheiro não vai melhorar o atendimento à população".
Para ele, o problema está na gestão do sistema. ``Não adianta só aumentar o salário. A nossa administração está pagando mais para os profissionais que fazem plantão, mas o atendimento ainda não melhorou."
Sobre as verbas que não são utilizadas, o secretário afirma que ``sobrar ou não dinheiro é relativo, o importante é não desperdiçar". Ele nega que dinheiro destinado à saúde esteja sendo gasto em obras.
Na mesma linha que seus críticos, Hanashiro afirma que o modelo de gestão do sistema de Saúde está ``falido".
Para melhorar, ele quer ``resgatar o estímulo" dos funcionários. Isso seria feito através do PAS (Plano de Atendimento à Saúde). O projeto passa a gestão das unidades de saúde para cooperativas de médicos e funcionários. A prefeitura pagaria RS 10,00 por mês por paciente inscrito na cooperativa.
O PAS prevê que os funcionários que trabalharem mais ganhem melhor.
``Hoje, é necessário um Estado policial para fiscalizar o ponto dos médicos. Com o PAS, eles vão ter incentivo para trabalhar", diz.
Essa falta de incentivo, ainda segundo o secretário, seria a responsável pela falta de médicos na prefeitura. Também seria solucionada com o PAS.
Hanashiro nega que faltem remédios nas unidades de saúde. ``Toda a semana me reúno com diretores dos hospitais e pergunto o que está faltando. As deficiências sempre são supridas."
Quanto às pessoas que são atendidos em macas nos corredores, o secretário afirma que há vantagens para o paciente. ``Ali, sempre há médicos circulando, o paciente está sob constante atenção", explica.
O secretário também aponta vantagens no fato de alguns pacientes ficarem em colchões no chão. ``É muito comum que pacientes, principalmente alcoólatras, caíam da cama, e o que era uma intoxicação acaba em um traumatismo", diz Hanashiro, que é cientista político.
O secretário diz que ``não sabe" se faltam médicos. ``O sistema é tão caótico que é impossível determinar. No centro da cidade, há excesso. Na periferia, há falta", diz.
O secretário aponta " falta de compromisso dos profissionais com a população" para explicar o déficit de médicos nas unidades da periferia. (LHA)

Texto Anterior: Sobra dinheiro mas faltam médicos na rede
Próximo Texto: `Quem pára no PS está ferrado'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.