São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Joalheiros lapidam seus profissionais

PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA
EDITORA DE EMPREGOS

Ótimas referências, bons antecedentes, pouca ou nenhuma experiência na área, formação escolar básica (primeiro grau) e salários entre R$ 170 (piso) e R$ 850.
A placa ``procura-se um futuro ourives (profissional que trabalha com ouro)" só não está afixada nas 5.000 fábricas de jóias de São Paulo por questões de segurança.
O mercado de trabalho no setor joalheiro está aquecido -e muito. Com 30% a mais de encomendas desde a implantação do Plano Real (1º de julho de 1994), o setor corre agora atrás de mais mão-de-obra.
A ponto até de a Ajesp (Associação dos Joalheiros do Estado de São Paulo) reativar sua bolsa de empregos com força total.
``Estou preenchendo quase uma vaga por dia", afirma a psicóloga Kátia Bolla, 27, responsável pelo processo de recrutamento e seleção dos profissionais.
Na ausência de cursos técnicos, os futuros ourives são formados nas próprias fábricas de jóias, diz José Rosembaum, 42, presidente da Ajesp e empresário do setor.
``Os profissionais são lapidados como jóias", diz o empresário. Em geral, começam como aprendizes, observando os mais experientes, passam por diversos setores (modelagem, fundição etc.) e só aí começam a fazer carreira.
Foi o caso de Valdir Gonzaga Cardoso, 26, que entrou numa fábrica de jóias (que pede para não ser identificada para garantir a segurança do profissional) como office boy e hoje é ourives-modelista (leia reportagem abaixo).
Segurança é o principal item analisado pelos empresários na hora de recrutar mão-de-obra. ``Ter ótimas referências e bons antecedentes é importante", diz Rosembaum, há 13 anos no ramo, reforçado pela psicóloga Kátia Bolla. ``É fundamental", complementa.
``O funcionário lida com uma matéria-prima caríssima", diz o empresário, para justificar o excesso de zelo. ``Até o pó do chão é varrido e reaproveitado", explica.
``Na Ajesp, houve um caso de um profissional que molhava os cabelos para esconder pó de ouro", conta. Nas fábricas, depósitos armazenam e filtram a água manipulada pelos funcionários.
O Brasil fabrica por ano aproximadamente 28 toneladas de jóias. O número, assustador para leigos, reponde por pouco mais que insignificantes 10% do total da produção dos EUA -250 toneladas.
Depois da crise dos anos 80, as indústrias aprenderam a fabricar peças usando menos ouro. Com a racionalização da produção e a defasagem do dólar frente ao real, o setor joalheiro deslanchou.
A explicação está nas vitrines de qualquer shopping center brasileiro. Pelo preço de um tênis importado (R$ 100) é possível comprar um anel ou um brinco de ouro.
O resultado é que apenas duas áreas do setor não têm boas perspectivas a curto prazo. A tendência de automação deve tirar o brilho, ou até extinguir, funções como ourives de correntes e fundidor.
Em compensação, há áreas em altíssima cotação. É o caso do cravador (artesão que crava brilhantes nas jóias) e do designer (profissional que desenha as jóias).

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO
Bolsa de Empregos da Associação dos Joalheiros do Estado de São Paulo: Currículos a/c Bolsa de Empregos - Kátia Bolla, Caixa Postal 508, CEP 01059-970, São Paulo, SP. Informações pelo telefone (011) 887-2280.

Texto Anterior: Sodexho abre vagas para 180 estudantes
Próximo Texto: Melhor jóia ganha ouro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.