São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995 |
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É sempre o vencedor quem dita as regras
ALBERTO HELENA JR.
Já disse, e repetirei mil vezes, que, para a evolução do nosso futebol em direção a um jogo ao mesmo tempo competitivo e belo, a maneira como levantamos o caneco foi uma desgraça. Aquele joguinho exclusivamente pragmático, opaco, defensivo e concentrado apenas no erro do adversário representa uma regressão desastrosa na história do nosso futebol. Mas sobrevive e se espalha entre nós, como uma praga, escudado no poderoso argumento de que foi, afinal, o vencedor. E é sempre o vencedor quem dita as regras do jogo, na vida, no futebol. Aliás, desde então, estava muito claro que o Brasil poderia obter os mesmos resultados, só que com mais ousadia e brilho. Bastava Parreira, dizia eu, trocar o burocrático Zinho e o inócuo Raí, dois meias fechados, por dois laterais travestidos de meias, como Mazinho ou Leonardo, pela esquerda, e Cafu pela direita. Assim, diante das cerradas defesas inimigas e do acúmulo de gente no meio, formaríamos dois triângulos pelos flancos. A questão permanece a mesma. Com uma diferença: Zagallo encontrou em Juninho o meia-direita veloz e insinuante que queria. Resta acertar o lado esquerdo, onde Zinho terá, a partir de hoje, contra a Suécia, sua última chance de provar que é capaz de algo mais ao seu setor do que simples ocupação de espaço. Portanto, Leonardo no lugar de Zinho já seria uma conquista. Mas, se Zagallo estiver mesmo disposto a ir além, recuaria Leonardo para o lugar de César Sampaio, por exemplo, para se alternar com Roberto Carlos nos avanços e cobertura pela esquerda, enfiando Rivaldo ou mesmo Giovanni no posto de Zinho. Aí, sim, nasceria um novo Zagallo, e, com ele, o nosso velho e luzente futebol. Por aqui, segue esse torneio de classificação, tedioso, que Farah resolveu chamar de Campeonato Paulista. Hoje, teremos um clássico, sabiam? Pois jogam São Paulo, sem Juninho e Zetti, contra o Santos, de Giovanni, sem Giovanni. Ambos estão classificados e saturados de tanto jogar em vão. Por tudo isso, espera-se um belo jogo, sem dúvida. Na quarta, comprei um bonde do mineiro Eduardo Amorim. Esperava um joguinho sem-vergonha, e ele me ofereceu uma performance deslumbrante do Corinthians, no massacre sobre o Vasco. Fui lesado. Felizmente. Texto Anterior: Edmundo não quer ser mito Próximo Texto: Sucesso italiano Índice |
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