São Paulo, terça-feira, 6 de junho de 1995
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Governo quer antecipar sabatina de Loyola

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do governo no Senado, Élcio Álvares (PFL-ES), começou ontem uma articulação para antecipar de quinta-feira para amanhã a data da sabatina do presidente indicado para o Banco Central, Gustavo Loyola.
A mudança na data da sabatina permitiria aprovar a indicação de Loyola ainda nesta semana e encerrar o constrangimento causado pela sociedade de Loyola na empresa MCM Consultores.
Na última quarta-feira, a MCM informou a seus clientes que Loyola substituiria Pérsio Arida no comando do BC -com mais de uma hora de antecedência em relação ao anúncio oficial.
O episódio tem provocado críticas crescentes no Senado, em especial na Comissão de Assuntos Econômicos, que fará a sabatina de Loyola.
Para o governo, a preocupação é evitar ao máximo o desgaste de Gustavo Loyola -em março, Arida foi convocado diversas vezes ao Congresso para explicar suas relações com o banco BBA-Creditanstalt.
Suplicy
Por outro lado, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) proporá hoje ao plenário da Comissão o adiamento da sabatina de Arida. Suplicy espera o apoio dos senadores governistas Pedro Simon (PMDB-RS) e Esperidião Amin (PPR-SC).
Objetivo do adiamento: iniciar esforço na Câmara para aprovação do projeto do ex-senador Itamar Franco estabelecendo um prazo mínimo, ou ``quarentena", em que futuros e ex-presidentes do BC não poderiam atuar no setor privado.
Suplicy quer que a aprovação do projeto aconteça antes da sabatina de Gustavo Loyola. O projeto de Itamar está arquivado na Câmara dos Deputados, apesar de pedido em contrário feito por Pedro Simon neste ano.
O senador Roberto Freire (PPS-PE) anunciou ontem que poderá votar contra a indicação de Loyola caso não seja aprovado o projeto da quarentena.
As duas articulações para mudar a data da sabatina de Gustavo Loyola terão suas chances definidas hoje.
Élcio Álvares obteve do senador Pedro Piva (PSDB-SP), relator da indicação de Loyola no Senado, o sinal verde para a antecipação da sabatina.
Entretanto, segundo Álvares, a antecipação só acontecerá com a concordância do presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, Gilberto Miranda (PMDB-AM), que está nos Estados Unidos e não pôde ser contactado no dia de ontem.
``Sem o Gilberto, não vamos mudar data nenhuma", disse Álvares. Miranda também vem fazendo críticas à mudança no BC e decidiu convocar Pérsio Arida para explicar sua demissão, na mesma sessão em que Loyola será sabatinado.
O senador Suplicy tem poucas chances de conseguir o adiamento da sabatina de Loyola, uma vez que a maioria da Comissão é governista.
Poucas chances
O outro representante do PT na Comissão, José Eduardo Dutra (SE), avaliava ontem que há poucas chances de conseguir a aprovação do projeto que cria a ``quarentena" para presidentes e diretores do BC.
``O governo não quer mobilizar a Câmara para isso", disse José Eduardo Dutra. O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), até agora não atendeu ao pedido de desarquivamento do projeto.
A intenção do PT e dos demais partidos de oposição é reformular o projeto ainda na Câmara -ampliando de dois para quatro anos o período de ``quarentena"- e depois referendá-lo no Senado.

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