São Paulo, terça-feira, 6 de junho de 1995
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Têxtil quer freio para importados

DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas de ser contemplado com medidas protecionistas editadas pelo governo, não é todo o setor têxtil nacional que está sendo afetado duramente pela abertura da economia e pela consequente concorrência dos produtos asiáticos.
A Teka, por exemplo, maior fabricante nacional de produtos para cama, mesa e banho, teve lucro de R$ 6 milhões no primeiro trimestre do ano. O montante é maior do que todo o lucro da empresa do ano passado: R$ 5,7 milhões.
A empresa comprou há menos de dois meses a Texcolor, visando a diversificação de sua produção.
Roberto Chadad, presidente da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário), diz que a produção cresceu 46,03% em abril na comparação com igual período do ano passado. No mesmo período, o emprego cresceu 14,32%. Os números de maio devem mostrar desempenho semelhante.
``Mas estamos crescendo com a rentabilidade comprometida", diz o presidente da Abravest, ao afirma que para uma inflação de 176%, acumulada de abril de 94 ao mesmo mês de 95, os preços tiveram reajustes de 118%.
Ou seja: os baixos preços das roupas e tecidos asiáticos e o grande volume importado estão obrigando as empresas a reduzirem seus preços e rentabilidade.
Somente neste ano, o setor deve importar o equivalente a US$ 5,5 bilhões, contra o US$ 1,5 bilhão de 94, segundo o Sinditêxtil (que reúne a indústria).
Para se proteger, o setor está negociando com o governo medidas que limitem a entrada de produtos asiáticos no país.
A idéia da Abravest é de que haja um preço mínimo para a importação, além da definição de cotas. Na Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), a reivindicação é por alíquotas de importação de até 70%.
``Sem medidas de proteção, o setor viverá uma grande quebradeira", diz João Girardi, assessor do Sinditec, o sindicato da indústria de tecelagem de Americana e região (interior de São Paulo).
Ele conta que a região de Americana, conhecida pela produção de fios sintéticos, começou a década com 98 mil empregos diretos e, agora, emprega 34 mil pessoas.
Nos últimos três anos, segundo o sindicato, 130 empresas fecharam e outras amargam problemas financeiros.
Carlos de Castro, diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtos de Fibras Artificiais e Sintéticas, diz que as projeções são de significativo aumento no volume de importação.
No ano passado, entraram no Brasil 34 mil toneladas e, somente com os dados de janeiro e fevereiro, as projeções para o ano são de 69 mil toneladas.

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