São Paulo, terça-feira, 6 de junho de 1995
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Governo negocia acordo com Argentina

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O governo brasileiro começou a negociar ontem com os argentinos um regime comum para a indústria automobilística dos dois países. Isto poderá implicar na adoção de cotas de importação de veículos pelo Brasil para países que não pertençam ao Mercosul.
A ministra da Indústria, Comércio e Turismo, Dorothéa Werneck, reuniu-se ontem com o ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, para discutir um modelo comum para o setor automobilístico.
Segundo ela, o governo brasileiro quer antecipar o regime comum, previsto anteriormente para vigorar no ano 2000, no âmbito de acordos do Mercosul- união aduaneira composta por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
``Pode ser que sim. Pode ser que não. Vou falar como o ministro da Fazenda, Pedro Malan: não se antecipa medidas de política de comércio exterior", reagiu Dorothéa ao ser indagada pela Folha sobre a criação de cotas de importação.
Atualmente, para cada peça ou veículo que a Argentina vende para o Brasil, obrigatoriamente os argentinos têm de importar dos brasileiros 1,2%.
A indústria automobilística argentina foi o setor que teve a maior expansão após a implementação do Plano Cavallo, em abril de 91. Desde então, até o final de 94, cresceu 400%. Em 95, as vendas caíram 40%. A queda é compensada com as exportações para o Brasil.
Cavallo estabeleceu um modelo baseado em cotas anuais de importação. Cada montadora se compromete a cumprir anualmente determinada meta de exportação. Em troca, recebe o sinal verde do governo para importar componentes e automóveis.
``A Argentina tem um regime para a indústria automobilística. Nós não temos nenhum", observou Dorothéa. Recentemente, por causa do déficit na balança comercial, o governo brasileiro elevou para 70% a alíquota de importação de veículos.
A ministra também conversou com Cavallo sobre regras comuns para a entrada de produtos da Zona Franca de Manaus na Argentina e da Zona Franca da Terra do Fogo no Brasil.
Durante almoço com mais de 100 empresários brasileiros que atuam na Argentina, ela disse que o governo manterá a política de bandas para o câmbio. ``Nunca teremos o um por um da Argentina", disse.
Ela se refere ao congelamento do câmbio na Argentina desde abril de 91. Assim, um peso argentino vale um dólar.
Dorothéa e Cavallo também reuniram-se com o ministro da Economia da Alemanha, Gunter Rexrodt.
Também participaram do encontro ministros da área econômica da Venezuela, Chile, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Peru.
Acompanhado de 200 empresários alemães, o ministro alemão enfatizou a necessidade de seu país recuperar investimentos na América Latina.

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