São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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FHC 'se lembra' de processo inexistente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem ter sido processado em 1964 sob acusação de ``ser favorável à Petrobrás". Ele disse que a abertura do setor ao capital privado dará ao Estado ``a capacidade de continuar sendo, de fato, o detentor do monopólio".
Segundo o porta-voz do presidente, Sérgio Amaral, FHC poderia estar se referindo a uma ficha da polícia política, que teria vindo à luz com a instalação do regime militar (1964-1985), em que constava sua participação em defesa do monopólio da Petrobrás.
``Já ouvi o presidente contar essa história", disse Sérgio Amaral. Não há registro de que FHC tenha sido processado, como diz, por defender o monopólio.
Seu pai, o general Leônidas Cardoso, foi um dos líderes da campanha ``O Petróleo é Nosso", que teve início em 1948.
FHC fez as declarações em discurso a parlamentares da Amazônia, no qual tentou explicar por que participou do movimento ``O Petróleo é Nosso", que resultou na criação da Petrobrás em 1953, e hoje defende a quebra do monopólio estatal sobre o petróleo.
``O petróleo era nosso e continuará sendo nosso", disse FHC, numa referência indireta à campanha que resultou na criação da Petrobrás.
Segundo ele, a estatal precisa de ``mais flexibilidade para continuar sendo uma das maiores e melhores empresas do mundo".
FHC citou a sua participação na campanha pelo monopólio: ``Quando jovem, fui tesoureiro do Centro de Estudos de Defesa do Petróleo". Lembrou ainda que seu pai foi ``o general do petróleo".
Ele afirmou que, nos dois momentos (há 40 anos e hoje), estava defendendo o interesse nacional. ``Nós estamos defendendo o interesse nacional tal como se coloca o desafio que nós temos hoje, assim como o fizemos no passado".
FHC negou que a privatização de estatais vá enfraquecer o Estado. ``Pode parecer um paradoxo, mas não é. Só se pode fazer adequadamente um processo de privatização na mesma medida em que se aumenta a autoridade do Estado". Ele acha que o Estado deve ser competente.
O presidente disse que ao Estado cabe ``controlar a concessão (de serviços públicos)", definir o interesse social e obrigar as empresas a assumir uma vocação social ao executar seus serviços.

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