São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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Comunicado foi 'inoportuno', diz Loyola

ALBERTO FERNANDES; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O futuro presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, disse ontem no Senado que havia mercados financeiros operando quando a MCM Consultores divulgou antecipadamente a seus clientes a queda de Pérsio Arida do BC, na quarta-feira da semana passada.
``Devo reconhecer que a atitude da empresa em fazer o comunicado foi inoportuna", disse Loyola, durante a sabatina a que foi submetido na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.
Pressionado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Loyola confirmou que às 16h57 daquela quarta-feira, quando os clientes da MCM receberam a informação, o mercado de títulos da dívida externa brasileira ainda estava aberto.
Loyola começou sua exposição na CAE atacando as críticas que recebeu devido à atitude da MCM. Disse que o mercado brasileiro já não estava operando quando a MCM anunciou a mudança no BC.
Suplicy, porém, lembrou que o mercado de Nova York, onde são negociados títulos brasileiros e outros papéis, só fechou às 17h30, hora de Brasília. O anúncio oficial só aconteceu por volta das 18h.
``Como o mundo está globalizado, sempre haverá um mercado aberto", justificou Loyola.
O mercado de Nova York é o principal a negociar títulos da dívida externa brasileira, segundo Loyola. Estes títulos são papéis que representam créditos contra o país.
Em tese, uma informação antecipada sobre a mudança de comando no BC pode ser utilizada para ganhar dinheiro neste mercado.
Por exemplo, se um analista financeiro avaliar que a saída do presidente do BC se traduz em uma queda de preços e obter esta informação extra-oficialmente, poderá vender títulos, esperar o anúncio e voltar a comprá-los.
Loyola disse que soube da mudança no BC com um mês de antecedência, mas apenas avisou à empresa às 16h45 da quarta passada.
Ele responsabilizou os sócios mais novos da empresa. ``A MCM tem sócios novatos, inexperientes, que foram levados a fazer o que não era prudente".
Com exceção de Suplicy e dois outros senadores petistas, Lauro Campos (DF), José Eduardo Dutra (SE), os parlamentares presentes a sabatina não pediram esclarecimentos sobre o caso da MCM.

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