São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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Governo freia abertura da economia

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior, José Tavares de Araújo Júnior, disse ontem que o governo vai continuar restringindo a entrada das importações enquanto não houver estabilidade total da economia.
Esta justificativa -a busca da estabilidade econômica- foi a mesma apresentada para a abertura comercial promovida em 94, no início do Plano Real.
Naquele momento, o governo argumentou que as importações eram necessárias para aumentar a concorrência e, em consequência, forçar a queda dos preços.
O secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior admite que a política para o setor é contraditória, mas deve permanecer por mais algum tempo.
``Abertura comercial nesta fase do plano só vai piorar ainda mais as condições macroeconômicas", afirmou Tavares, referindo-se principalmente ao déficit da balança comercial (importações maiores que exportações).
Para o secretário, chegou a hora de fechar temporariamente a economia às importações. ``Estamos no meio de um programa econômico em que a inflação não foi totalmente controlada e é preciso afastar o risco de crise cambial".
Ele anunciou que o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo criará o Departamento de Defesa Comercial, para proteger a economia nacional contra práticas desleais de comércio.
As medidas de restrição às importações -cotas para automóveis e aumento das alíquotas do II (Imposto de Importação), principalmente- visam equilibrar a balança comercial, que desde novembro último vem registrando déficits.
O convite a Tavares para ocupar o cargo foi feito na semana passada, por indicação do ministro José Serra (Planejamento). Ele é especialista em comércio exterior e trabalha como economista do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Washington (EUA).
Tavares defendeu ontem uma revisão profunda do Mercosul (Mercado Comum do Sul).
O secretário qualificou a TEC (Tarifa Externa Comum) de ``maluquice" e considerou ``irresponsabilidade" a formação do Mercosul em apenas cinco anos. Ele defendeu uma integração comercial e aduaneira mais gradual.
A TEC é a tarifa de importação comum aos integrantes do Mercosul praticada para os países fora deste bloco econômico.

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